terça-feira, setembro 02, 2014

Um canto na batalha

Essas linhas, foi você quem me deu,
e brotaram na noite mais improvável
bem no meio da batalha.

E na batalha, exaustos, continuamos.
Ela não tem tempo de parar para ouvir um lamento,
porque é o canto de todos, em uma voz.
Porque luta por um mundo.

Lutamos, sem saber se venceremos.

Mas hoje, por essa noite, eu sei que vencemos.
Eu, com meu canto, que pode ser feio,
mas que é um presente que você me deu, que é meu,
no meio da batalha.
Um canto de uma voz rouca, tímida, assustada.
Mas que ousa existir.

E não é assim que se fez também essa batalha?
Tantas vozes, que se julgavam mudas,
tomaram coragem, corpo, cresceram e gritaram.
Elas se impõem, destemidas.
O futuro é, finalmente, desconhecido novamente.
Não é mais uma interminável sucessão de ontens.

O resultado, por fim, já veio.
Era mentira o que eu disse:
foi essa batalha que soltou todas as vozes,
que fez dos escravos, sujeitos.
Ela tem lugar, em seu corpo, para todos os desafios.

A batalha libertou cada voz para poder gritar seu canto,
de luta ou de lamento.
E em meio a eles, encontrei nessa noite,
esse canto que você me deu.

De quem já não quer voltar atrás,
e nunca seguirá pelo caminho do meio.
Estendo-lhe a mão.

As vozes gritaram, rasgaram a rotina, os tímpanos dos que nos ensurdeceram por tanto tempo.
As nossas vozes.

Um comentário:

yuna disse...

que lindo, adorei! essas surpresas fazem cada pequena vitória valer muito, muito mais. um beijo!