terça-feira, julho 31, 2007

Sobre o post abaixo

Eu pouco sei sobre a AATW que, numa livre tradução significaria Anarquistas Contra o Muro. Eu sei que em 2005 eu fui num evento não muito interessante chamado Carnaval Revolução, organizado por um coletivo anarquista de BH. Neste evento, apesar de não muito legal, vi coisas legais. Uma oficina do CMI sobre filmagem de ações diretas, como ocupações e manifestações em geral. Evidentemente não aprendi a filmar, mas pude assistir uns vídeos legais sobre ocupações no centro de São Paulo e tive a oportunidade de conhecer o Brad Will, um ativista muito firmeza do CMI que morreu lutando com o povo de Oaxaca (mas nem sei porque eu conto tudo isso se todo mundo que entra aqui já deve saber destas coisas).
Enfim, no tal carnaval eu vi uma atividade da AATW. Eles mostravam uns vídeos de umas dez, quinze pessoas completamente despudoradas enfrentando o exército israelense com a cara e a coragem. Sim, o famigerado exército israelense. Eles apanham dia a dia, literalmente, para atrapalhar a construção de um dos maiores ícones fascistas de nosso tempo: o muro que quer isolar os palestinos. Eles tomam balas de borracha, gás, porradas e até balas de verdade ocasionalmente. Eles são atingidos por gás em uma quantidade que pode causar sérios problemas de saúde, como câncer. Eles juntam, em pleno coração de uma guerra civil sangrenta e interminável, israelenses e palestinos contra o massacre que ocorre lá.
É mais ou menos isso que sei sobre eles. Não é muita coisa. Eu dei uma olhada no site, parece que tem mais coisa. Vou ver melhor. Não sei qual é a prática deles e o que mais eles procuram fazer fora lutar contra o muro. Mas sei que o que eles fazem é tão bonito e corajoso que eu sinto arrepios só de pensar. E quase ninguém sabe deles, e eles estão precisando de ajuda.
Penso em montar um comitê de solidariedade, tentar estabelecer contato com eles e fazer atividades de divulgação e arrecadação de dinheiro para enviar para eles. Alguém mais topa?
Call for support by Anarchists Against The Wall


URGENT CALL FOR DONATIONS

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*** PLEASE DISSEMINATE WIDELY ***



Dear friend,

The mounting legal cost of the joint Palestinian-Israeli struggle
against the occupation is forcing us to send this urgent appeal for
funds. We are asking for your support to continue the work of the
Israeli group Anarchists Against the Wall (AATW).

For the past four years, the group has supported the Palestinian
struggle against Israeli occupation and specifically against Israel`s
segregation wall. Week after week, AATW joins the Palestinian popular
resistance against the wall, in diverse areas of the West Bank,
including the villages of Bil`in west of Ramallah, al-Ma`asara, and
Ertas, south of Bethlehem, and Beit Ummar, north of Hebron.

Activists have often been arrested and indicted for their participation
in the struggle. Fortunately, the group is represented by a dedicated
lawyer, Adv. Gaby Lasky. Adv. Lasky has tirelessly worked to defend
activists arrested at demonstrations or direct actions in the West Bank
and in Israel. Though the legal defense she provides AATW is almost a
full-time job, she has agreed to be paid only a token fee. However, the
group has not managed to cover even this sum, and now owes approximately
$40,000 in legal expenses for over 60 indictments. In addition to this
enormous legal debt, AATW activists are forced to spend large sums on
transportation and phone bills.

Please make a donation that will enable us to continue this struggle.

Thank you for your solidarity.
Anarchists Against the Wall

For more information about AATW, our actions and how to make a donation,
visit our website: www.awalls.org or contact us at donate (at) awalls.org.


Email:: donate@awalls.org
URL:: http://awalls.org
vírus do autismo solitário.

Engraçado receber milhares de scraps de pessoas que eu gosto e com quem não falo há muitíssimo tempo. Especialmente quando o tema é um vírus idiota de orkut.
Isto me fez sentir meio solitário.
Também fiquei meio surpreso quando li o tal scrap e vi o que um monte de gente achava que era eu. Não sei se sou meio malucão, mas creio que, ainda que não fosse óbvio que qualquer link que te mandem provavelmente é um vírus, eu certamente conheço razoavelmente o jeito de escrever dos meus amigos. Pelo menos dos mais próximos. E aquilo não parece comigo escrevendo nem um pouco.
Agora eu também não sei como aviso pra todo mundo que mandei um vírus porque nunca mandei estas malditas mensagens em massa. Se alguém tiver uma sugestão me avise.

domingo, julho 29, 2007

Brecht:

Poesia do Exílio

Nos tempos sombrios
se cantará também?
Também se cantará
sobre os tempos sombrios.

Mais:

Se Fossemos Infinitos

Fossemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece.

domingo, julho 22, 2007

O ar gelado atravessou sua garganta rasgando. Ela engasgou-se consigo própria e, na surpresa de se descobrir falível, tropeçou em seus próprios pés, esborrachando-se no chão e rolando. Sem tentar impedir a si mesma, sentiu seu corpo arrastar-se pelo asfalto com o impulso que havia ganhado nas largas e desesperadas passadas que havia impulsionado. Sentiu as dores arrastando-se pela noite, embriagando-se de confusão e mágoa, rolando pela terra úmida que emoldurava a estrada.
Uma vez terminado o impulso, deixou o peso de si mesma jazer sobre o chão, que se reentrava na sua consciência aos poucos. Pesava sobre o mundo, sentindo a respiração resfolegar-se para dentro e para fora, com o barulho ensurdecedor de quem não quer ver nem lembrar nada. Corria, ainda. Se não com as pernas, com tudo que lhe sobrava fora isso. As dores, enfim, começaram a despontar em seus ferimentos. Sentiu as gotas principiantes se arriscando sobre seu corpo, ouviu-as espatifando-se perto de seus ouvidos. Olhava para cima, vendo as estrelas que já nem se lembrava de existirem. Suas dores, começou a sentir-pensar, vinham todas daqueles pontos brancos flutuantes na negridão do universo. Eles entravam na sua carne como facas quentes, penetrantes. Era o alívio de quem não precisa repousar a consciência em uma dura cama de angustias. Era a liberdade de quem entrega seu corpo à caçada de si mesmo, correndo por caminhos de desencontrar-se a si mesma.
Sentiu a dor das estrelas em sua carne transformar-se em novo impulso, levantou-se de um pulo e reiniciou a corrida, desta vez abandonando por completo a estrada asfaltada. Seguia através dos obstáculos da relva, como um animal acossado pelos faróis violentos de um carro. Ignorava a beleza de seu sangue vermelho tingindo as plantas ignorantes e humilhadas da beira da estrada. Queria gritar, mas não sabia como. Os gritos, sabia sem saber, já haviam sido por demais gastos. Seu fôlego agora pertencia a outras coisas, pertencia aos passos que se desenhavam instintivamente. E ela precisava criar um caminho que não era seu, que estava além de suas pernas, além de seus pulmões. Precisava saber que a vida precisa do irracional, dos animais enraivecidos que correm sem olhar para trás, sem saber o que há em sua frente. Ela precisava livrar-se de si mesma como se nunca tivesse surgido alguma daquelas oportunidades cinzas das noites da cidade. Aquelas em que olhava para si mesma e pensava, ainda com as marcas de ter crescido e se educado, em como tudo aquilo já havia consumido por demais tudo o que poderia ser. As oportunidades haviam tornado-se desesperanças, haviam assumido as cores envelhecidas das estátuas, estanques em um passado intransponível, imutável. Ela pensava, nestas noites, que só poderia ser tudo aquilo que já havia feito.
E era por isso que agora corria com a força de quem quer ser outra. Com a força de quem, por tanto pensar, já sabe que o caminho do novo passa pela violência, pela agressão desmesurada a si mesmo e àquilo que se ama. Queria odiar tudo aquilo que a havia feito ser o que era. Queria livrar-se de todas as cargas semânticas usadas, apodrecidas. Queria reinventar sua língua, esmagar a massa encefálica mofada com um martelo pesado de bater carne.
Ela era autofagia e fuga. Reconstrução e morte. Tinha medo e, conseqüentemente, esperança. Jogava as palavras de seus pensamentos contra a grade de sua consciência. Quebrava!

sexta-feira, julho 20, 2007

Dá tchauzinho filho da puta.