sábado, dezembro 15, 2007

Parcialmente escrito, praticamente baseado em um sonho desta tarde...



Era um dia de agitações na protocidadela. Nos últimos meses o comichão de suas fronteiras havia devorado léguas de mata virgem e pasto inerte. No bairro velho fervilhavam conspirações, sibilavam ameaças entre as línguas ásperas dos velhos druidas enrugados. Os aprendizes ensimesmavam-se em treinações e ambições que recriavam suas mentes em plena expansão e derreformação. Os bruxistas não deixavam por menos, recalcando pirotecnias e transcriando as velhas cavernas enfumaçadas e escuro-piscantes. O cheio se espalhava longe nas ruelas se impregnadas de molecarias maltrapilhas emprumando-se em desejosos sonhos de integrar ambas as corjas. Velhotas carcomidas arrastavam carroças rangentes repletas de bagulheiras misteriosas, mesclando-se entre o populacho anunciavam supostos ingredientes poderosos vindos das terras distantes. Escamas petrificadas de Dragonilhos cornudos das planícies desérticas, sabugos ressecados das florestas faéricas, pisadelas de enxofre dos homúnculos ferozes do sul e outras tantas tranqueiras eram apregoadas em gritos estridentes e roucos. Os velhos magos ressabiados aproximavam-se raramente e apossavam-se de algum artigo soterrado ao fundo das tranqueiras de alguma vendedora, não sem antes remexer seus melindrosos bigodes em caretas e insultos, pechinchando as mercadorias com palavrarias tão antipáticas quanto inabilidosas. Os jovens aprendizes esbofeteavam-se em algumas filas, desesperados por colocar suas mãos em alguma bugiganga com cheiro de exoticidade. Ávidos, levantavam seus narizes sobre as cabeças uns dos outros e, com os olhos brilhosos, tentavam farejar através do ar semiprovinciano e rançoso de suor e pós mágicos de toda sorte, algo que pudesse lhes trazer a sorte grande.
Para além das fronteiras difusas dos conluios mágicos o burburinho persistia em outras formas. Viajantes de todas as partes se esbarravam nas estreitas ruelas, entre preocupados e curiosos, reviravam o lugar com os olhos e com o que mais pudessem. Procuravam por tudo. As tramarizes mulheres do bairro de baixo seducilhavam aqui e ali, espalhando por entre os recém-chegados os rabelhos flutuantes de suas belas roupas dançantes, deixando rastros lilases, azulados, rosáceos, remisturando-se. Os cheiros de almíscar, jade, canela e toda a sorte de frutilhas afrodisíacas ouriçava os pêlos dos passantes, encobrindo por completo o cheiro acre nauseabundo de suor, sangue pisado e estrume dos animais fedorrentos que eram puxados por seus donos ou arrastavam carruagens indiferentes ao buchicho das ruas. Suas risadas melodiosas e olhares ferinos, dissimulados, perfurantes, rebolavam demoradamente no ar. Rasgavam conversas broncas ao meio, cortavam pensamentos compenetrados. Passavam em passos graciosos, pretensamente indiferentes e desinteressados daquela vulgaridade que gorgolejava em altos brados por toda a cidade. Em segundos desapareciam, mas ainda assim estavam sempre por toda parte.
Velhos conhecidos se reencontravam em estrondosas gargalhadas e abraços sacolejantes. Estranhas reverências se encenavam aqui e ali, e nas tavernas os copos se chocavam ruidosamente em brindes pronunciados nas mais diversas línguas. Os bandos de andarilhos, saltimbancos e ciganos mais uma vez retornavam à cidade em uma inexplicável sincronia. Perambulando por ali ofereciam adivinhações e serviços, bajulavam ricos comerciantes e empoladas senhoras, tocavam intrumentos e entoavam suas cantigas recolhendo moedas com chapéus coloridos e bufantes. Arremessavam objetos ao ar em malabarismos improváveis e cuspiam labaredas coloridas. Furtavam objetos entre a multidão apressada e arrecadavam riquezas com sua ardilosa lábia enganatriz. Sobreviviam alegremente, e a partida os recolheria dali antes que suas confusas vítimas pudessem esboçar pretensões de entender o que havia se passado.
Na praça do mercado o estrondoso amontoar de gentes alcançava seu vertiginoso ápice. Lá, tinha-se a impressão de que qualquer coisa poderia acontecer a qualquer momento.



De: http://postsecret.blogspot.com/

quarta-feira, novembro 07, 2007

Feliz aniversário à Revolução Russa!
90 anos.
E a reitoria da PUC foi ocupada, somando-se assim às tantas outras pelo país. :-)

sábado, outubro 13, 2007

Já que este blog chafurda em si mesmo numa agonia pasma há tanto tempo, resolvi fazer um outro mais concreto e pragmático para acompanhá-lo. É dedicado a traduções de textos socialistas e o endereço é o seguinte:

revolucaotraduzida.blogspot.com

sexta-feira, outubro 12, 2007

Documentário sobre o anarquismo nos EUA. Não sei o quanto ele reflete a realidade, mas espero que não muito. Não tive estômago pra assistir até o fim:

Part 1: http://www.youtube.com/watch?v=v9znhVZT9_Y

Nesta parte tem o link pras outras sete.

domingo, setembro 30, 2007

Pigarro, tosse. Mais tosse. Olhos em volta cutucam, não conseguindo manter a barreira da indiferença. O pus sobe e desce na garganta, dolorido como se fossem cacos de vidro. A mão, velha e enrrugada, envolta na luva esfarrapada, se esforça para permanecer colada na barra de metal a cada solavanco. A cada contorção doente do seu corpo, cresce a barreira de nojo e pena dentro do vagão lotado. Os olhos semicerrados tentam se voltar para baixo, para fora. Para algum lugar longe daquilo tudo. As dores, no entanto, impedem-no de alimentar imagens muito complicadas na sua cabeça. As tardes bestas e tranquilas que ele tenta resgatar das décadas passadas se dissolvem com as chiadas contrações de seu pulmão, desesperado por um ar que parece nunca vir.
Quando abre os olhos novamente, percebe que estão a sentá-lo nos bancos cinzas. Murmuram-lhe alguma palavras vagas. Há um vácuo ao seu redor. Ele solta o corpo no banco e aguarda a morte.

sexta-feira, setembro 28, 2007

quinta-feira, setembro 20, 2007

às vezes quando eu estou em algum maravilhoso espaço do movimento estudantil, penso como é fácil ter uns derrames e morrer que nem o Lenin.
Aliás, descobri que ele foi um grande entusiasta do taylorismo, e um de seus introdutores na Rússia...

terça-feira, setembro 18, 2007

http://www.youtube.com/watch?v=1QDnkcktEm8

sexta-feira, setembro 14, 2007

Qualquer pessoa inteligente que vá a uma assembléia como a que eu fui ontem consegue compreender um pouco sobre a ascensão das burocracias "legitimadas" pelos grandes ascensos dos movimentos de massa.
Às vezes eu queria poder praticar uma certa violência física contra certa "companheirada".
Haja força de vontade pra não ir pra casa dormir...

terça-feira, agosto 28, 2007

Tantos caminhos, tão poucas pernas...

terça-feira, agosto 21, 2007

Por fim, era isto.

Banalidade é deixar a vida montar em você.
E acho que eles não perceberam isso.

É quando você ouve uma voz te chamar. De seus olhos podem sair lágrimas, mas a sua garganta rouca está estupefata demais pra gritar de volta. Ela fica pasma...
Pra onde vai um rosto por baixo de tantas máscaras?

terça-feira, julho 31, 2007

Sobre o post abaixo

Eu pouco sei sobre a AATW que, numa livre tradução significaria Anarquistas Contra o Muro. Eu sei que em 2005 eu fui num evento não muito interessante chamado Carnaval Revolução, organizado por um coletivo anarquista de BH. Neste evento, apesar de não muito legal, vi coisas legais. Uma oficina do CMI sobre filmagem de ações diretas, como ocupações e manifestações em geral. Evidentemente não aprendi a filmar, mas pude assistir uns vídeos legais sobre ocupações no centro de São Paulo e tive a oportunidade de conhecer o Brad Will, um ativista muito firmeza do CMI que morreu lutando com o povo de Oaxaca (mas nem sei porque eu conto tudo isso se todo mundo que entra aqui já deve saber destas coisas).
Enfim, no tal carnaval eu vi uma atividade da AATW. Eles mostravam uns vídeos de umas dez, quinze pessoas completamente despudoradas enfrentando o exército israelense com a cara e a coragem. Sim, o famigerado exército israelense. Eles apanham dia a dia, literalmente, para atrapalhar a construção de um dos maiores ícones fascistas de nosso tempo: o muro que quer isolar os palestinos. Eles tomam balas de borracha, gás, porradas e até balas de verdade ocasionalmente. Eles são atingidos por gás em uma quantidade que pode causar sérios problemas de saúde, como câncer. Eles juntam, em pleno coração de uma guerra civil sangrenta e interminável, israelenses e palestinos contra o massacre que ocorre lá.
É mais ou menos isso que sei sobre eles. Não é muita coisa. Eu dei uma olhada no site, parece que tem mais coisa. Vou ver melhor. Não sei qual é a prática deles e o que mais eles procuram fazer fora lutar contra o muro. Mas sei que o que eles fazem é tão bonito e corajoso que eu sinto arrepios só de pensar. E quase ninguém sabe deles, e eles estão precisando de ajuda.
Penso em montar um comitê de solidariedade, tentar estabelecer contato com eles e fazer atividades de divulgação e arrecadação de dinheiro para enviar para eles. Alguém mais topa?
Call for support by Anarchists Against The Wall


URGENT CALL FOR DONATIONS

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*** PLEASE DISSEMINATE WIDELY ***



Dear friend,

The mounting legal cost of the joint Palestinian-Israeli struggle
against the occupation is forcing us to send this urgent appeal for
funds. We are asking for your support to continue the work of the
Israeli group Anarchists Against the Wall (AATW).

For the past four years, the group has supported the Palestinian
struggle against Israeli occupation and specifically against Israel`s
segregation wall. Week after week, AATW joins the Palestinian popular
resistance against the wall, in diverse areas of the West Bank,
including the villages of Bil`in west of Ramallah, al-Ma`asara, and
Ertas, south of Bethlehem, and Beit Ummar, north of Hebron.

Activists have often been arrested and indicted for their participation
in the struggle. Fortunately, the group is represented by a dedicated
lawyer, Adv. Gaby Lasky. Adv. Lasky has tirelessly worked to defend
activists arrested at demonstrations or direct actions in the West Bank
and in Israel. Though the legal defense she provides AATW is almost a
full-time job, she has agreed to be paid only a token fee. However, the
group has not managed to cover even this sum, and now owes approximately
$40,000 in legal expenses for over 60 indictments. In addition to this
enormous legal debt, AATW activists are forced to spend large sums on
transportation and phone bills.

Please make a donation that will enable us to continue this struggle.

Thank you for your solidarity.
Anarchists Against the Wall

For more information about AATW, our actions and how to make a donation,
visit our website: www.awalls.org or contact us at donate (at) awalls.org.


Email:: donate@awalls.org
URL:: http://awalls.org
vírus do autismo solitário.

Engraçado receber milhares de scraps de pessoas que eu gosto e com quem não falo há muitíssimo tempo. Especialmente quando o tema é um vírus idiota de orkut.
Isto me fez sentir meio solitário.
Também fiquei meio surpreso quando li o tal scrap e vi o que um monte de gente achava que era eu. Não sei se sou meio malucão, mas creio que, ainda que não fosse óbvio que qualquer link que te mandem provavelmente é um vírus, eu certamente conheço razoavelmente o jeito de escrever dos meus amigos. Pelo menos dos mais próximos. E aquilo não parece comigo escrevendo nem um pouco.
Agora eu também não sei como aviso pra todo mundo que mandei um vírus porque nunca mandei estas malditas mensagens em massa. Se alguém tiver uma sugestão me avise.

domingo, julho 29, 2007

Brecht:

Poesia do Exílio

Nos tempos sombrios
se cantará também?
Também se cantará
sobre os tempos sombrios.

Mais:

Se Fossemos Infinitos

Fossemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece.

domingo, julho 22, 2007

O ar gelado atravessou sua garganta rasgando. Ela engasgou-se consigo própria e, na surpresa de se descobrir falível, tropeçou em seus próprios pés, esborrachando-se no chão e rolando. Sem tentar impedir a si mesma, sentiu seu corpo arrastar-se pelo asfalto com o impulso que havia ganhado nas largas e desesperadas passadas que havia impulsionado. Sentiu as dores arrastando-se pela noite, embriagando-se de confusão e mágoa, rolando pela terra úmida que emoldurava a estrada.
Uma vez terminado o impulso, deixou o peso de si mesma jazer sobre o chão, que se reentrava na sua consciência aos poucos. Pesava sobre o mundo, sentindo a respiração resfolegar-se para dentro e para fora, com o barulho ensurdecedor de quem não quer ver nem lembrar nada. Corria, ainda. Se não com as pernas, com tudo que lhe sobrava fora isso. As dores, enfim, começaram a despontar em seus ferimentos. Sentiu as gotas principiantes se arriscando sobre seu corpo, ouviu-as espatifando-se perto de seus ouvidos. Olhava para cima, vendo as estrelas que já nem se lembrava de existirem. Suas dores, começou a sentir-pensar, vinham todas daqueles pontos brancos flutuantes na negridão do universo. Eles entravam na sua carne como facas quentes, penetrantes. Era o alívio de quem não precisa repousar a consciência em uma dura cama de angustias. Era a liberdade de quem entrega seu corpo à caçada de si mesmo, correndo por caminhos de desencontrar-se a si mesma.
Sentiu a dor das estrelas em sua carne transformar-se em novo impulso, levantou-se de um pulo e reiniciou a corrida, desta vez abandonando por completo a estrada asfaltada. Seguia através dos obstáculos da relva, como um animal acossado pelos faróis violentos de um carro. Ignorava a beleza de seu sangue vermelho tingindo as plantas ignorantes e humilhadas da beira da estrada. Queria gritar, mas não sabia como. Os gritos, sabia sem saber, já haviam sido por demais gastos. Seu fôlego agora pertencia a outras coisas, pertencia aos passos que se desenhavam instintivamente. E ela precisava criar um caminho que não era seu, que estava além de suas pernas, além de seus pulmões. Precisava saber que a vida precisa do irracional, dos animais enraivecidos que correm sem olhar para trás, sem saber o que há em sua frente. Ela precisava livrar-se de si mesma como se nunca tivesse surgido alguma daquelas oportunidades cinzas das noites da cidade. Aquelas em que olhava para si mesma e pensava, ainda com as marcas de ter crescido e se educado, em como tudo aquilo já havia consumido por demais tudo o que poderia ser. As oportunidades haviam tornado-se desesperanças, haviam assumido as cores envelhecidas das estátuas, estanques em um passado intransponível, imutável. Ela pensava, nestas noites, que só poderia ser tudo aquilo que já havia feito.
E era por isso que agora corria com a força de quem quer ser outra. Com a força de quem, por tanto pensar, já sabe que o caminho do novo passa pela violência, pela agressão desmesurada a si mesmo e àquilo que se ama. Queria odiar tudo aquilo que a havia feito ser o que era. Queria livrar-se de todas as cargas semânticas usadas, apodrecidas. Queria reinventar sua língua, esmagar a massa encefálica mofada com um martelo pesado de bater carne.
Ela era autofagia e fuga. Reconstrução e morte. Tinha medo e, conseqüentemente, esperança. Jogava as palavras de seus pensamentos contra a grade de sua consciência. Quebrava!

sexta-feira, julho 20, 2007

Dá tchauzinho filho da puta.

quarta-feira, junho 20, 2007

E a tropa de choque entrou em Araraquara.
E na Unicamp ocuparam a diretoria acadêmica.

segunda-feira, junho 18, 2007

É, é triste, mas às vezes é difícil manter o ânimo depois de golpes assim.
Não existe nenhuma direita tão eficiente quanto as burocracias parasitas e oportunistas que se alimentam da esquerda. A Adusp (apoiando-se no setor mais nojento de professores corporativistas e pequeno-burgueses) deu uma rasteira na greve da qual dificilmente conseguiremos nos levantar. A ala mais reformista e burocrata do ME, por sua vez, cresce em cima do sentimento de medo e instaura as mesmas políticas que sempre defendeu.
Os momentos com mais potencial de mudança em geral também são os que mais têm potencial de fazer com que tudo seja o mesmo por muito mais tempo. E fica a dúvida, a ser respondida em pouco tempo: 2007 será 2002 mais uma vez?

segunda-feira, junho 11, 2007

A epidemia de gripe assola a ocupação.

Este cartunista veio do Rio apoiar a gente e fez várias charges bacanas:


sexta-feira, junho 08, 2007

Gripe, febre, crises de bronquite como eu não via desde a minha infância.
Descanso forçado.
Exame de Cambridge durante a semana.
droga...
A direita ataca: decreto declaratório, ato fracassado de professores reacionários, indicativo de saída da greve da burocracia docente.

A esquerda ataca: encontro de estaduais, ocupações se multiplicam, encontro nacional, greve se espalha.

Estamos indo bem...

segunda-feira, junho 04, 2007

Um mês e contando...

quarta-feira, maio 23, 2007

Reitoria ocupada 14.05.2007

Ocupamos: metemos o pé na porta, a pedra, a mão,
a grade torta empurra empurra quebra o vidro corre rasga o passo atravessa
chega aqui.
Chegar até o presente, ao concreto, ao real,
ato duro, intransigente: violência de florir.
Dois corpos não ocupam o mesmo espaço.
Ocupamos: há mais de onze dias tomamos nosso espaço
no seio do poder e da decisão do que é e do não
nesta universidade.

Não mais esperamos a benevolência,
a boa vontade: Criamos
nós nossas condições.

Não aceitaremos mais a forma imposta, a reflexão não mais se molda. Nossa crítica não se calará com puras palavras, o puro pensamento infinitamente maleável.
O pensamento toma as mãos, que não mais tomam sua submissão, não tomam menos do que o mundo, do que aqui, sua história.
Torcemos as barras, rompemos a contenção, atravessamos o muro com nossas reivindicações: invadimos o presente.

Da violência dos atos, o nosso tem de diferente a visibilidade apenas.
Não ferimos ninguém, não subjugamos ou exploramos. Foi apenas o silêncio complacente de um vidro limpo o que se quebrou, a omissão dos corredores quanto a sua direção e o inquestionado mando de uma grade.
Podem eles falar o mesmo?
Negar a educação, formar escravos, robôs,
torcer, não uma grade, mas uma vida, formar pessoas para sua exploração;
negar comida, a vida, o sol, sem dizer não: pagando pouco e dizendo isso privilégio; vender direitos... Não são violências estas muito maiores e mais nefastas?
Por que então têm passo livre nas catracas?
Por que não ofende o mundo, a terra, o ar, sua mera possibilidade, como não sujam as paredes?

Radicais? sim, extremos, mas nem sequer fomos nós que escolhemos os termos desse passo... Reagimos: A situação é insustentável. Sim, teremos de fazer mais do que reagir, e é isso que se abriu, como uma porta para o presente, na radicalidade da resposta: Podemos criar o nosso mundo, o aqui não está dada, assim como o tempo.
O que até hoje foi óbvio (apenas) torna-se de repente real, matéria que o ato articula, com suas dores, suas faltas, seus limites. E seus sonhos.
Sonhar é, de repente, possibilidade e não fechar de olhos; é ir além do que a vista concede; é passarem os olhos a esculpir o corpo.


Lucas Itacarambi

domingo, maio 20, 2007

De um lado greve, piquetes e mobilização. Do outro diretores reacionários, ataques da mídia e mandatos de reintegração de posse.
Os ânimos se acirram na luta pelos rumos da universidade.

segunda-feira, maio 14, 2007

Se o movimento estudantil fosse sempre como ele está sendo agora na USP, a revolução estaria bem mais próxima de nós. A esperança é que este processo crie a nova militância da USP, que vai atropelar a burocracia falida dos dias de sempre.
Se vocês quiserem discutir política com gente disposta e com qualidade, recomendo frequentar a reitoria da USP. Hoje tem plenária e vai rolar uma programação legal nos próximos dias.

domingo, maio 13, 2007

Fora pelegada, pelegada fora!
Fora pelegada que chegou a nossa hora!

quarta-feira, maio 09, 2007

Minha nova casa é a reitoria da USP. Visitem-me.
Meu novo blog é http://ocupacaousp.blog.terra.com.br/ . Visitem-me.
Dia 10 tem ato na Paulista. Compareçam.
Ontem eu fui na assembléia estudantil mais cheia da minha vida, com uns dois mil estudantes.

sábado, abril 28, 2007

Acontecimentos importantes no mundo no dia do meu aniversário:

http://br.noticias.yahoo.com/s/reuters/070428/manchetes/manchetes_politica_lula_rebelde_pol

terça-feira, abril 24, 2007

A benevolência da universidade burguesa me trás lágrimas aos olhos:

http://br.noticias.yahoo.com/s/24042007/25/manchetes-usp-dara-411-bolsas-alunos-escola-publica.html

domingo, abril 15, 2007


O postsecret está muito legal nesta semana.
Anti-clímax

O Lui é um cara que sabe dar festas legais, sem dúvida.
Tinha comida boa, música bacana, gente legal, álcool pra caralho. O que eu mais gostei foi este lance único, raro, que acontece cada vez menos: a festa conseguiu juntar todos os tipos mais diferentes de amigos que eu tenho. E ainda tinha um monte de gente que eu não conhecia, o que é muito bacana. Eu conversei com umas pessoas que não via há um bom tempo. Eu vi o Fepas xavecar a Monique e o Caio falando com meu irmão. Foi bem legal mesmo.
E daí, na parte que eu estava me divertindo mais, fui embora.

E eu reclamo porque blog serve pra estas coisas. Quando eu quiser fazer algo construtivo e interessante, vou pra outro lugar.
Minhas eternas dificuldades de organização vão me alcançando, conforme eu tento lidar com a faculdade, as aulas que tenho que preparar, o tanto que eu tenho que estudar pro exame de proficiência em inglês...as coisas vão me devorando, e o mais importante é sempre soterrado.

segunda-feira, abril 09, 2007

Fui impiedosamente perseguido por uma gripe no feriado inteiro. Não fiz nada do que tinha que fazer. Tenho depressão noturna de domingo. As coisas estão se acumulando. Crio expectativas demais sobre coisas de menos. Eu gosto muito do Peter Pan.
Eu acho que vou tentar dormir pra ver se tiro um atraso amanhã.
Sinto saudades em pedaços vazios que não se encaixam.

quinta-feira, abril 05, 2007

Ressaca moral

A pior coisa de encher a cara é lembrar no dia seguinte das coisas imbecis que você fez e disse. Acontece que, em geral, todas estas merdas são muit amenizadas quando você está entre outras pessoas bêbadas que também dizem e fazem muita merda. Só que às vezes você percebe tarde demais que está muito mais bêbado do que todo mundo e que está sendo o mala da mesa e fazendo merda e causando pra caralho. Mas daí, enfim, já era. Você paga um puta mico ridículo, estraga a noite de todo mundo e passa o dia seguinte pensando que é um grande idiota e que não devia nunca mais beber.
É, até parece...o único jeito de esquecer a sua idiotice é bebendo mais e, possivelmente, fazendo idiotices ainda maiores.
Bom, felizmente eu tenho amigos bacanas que, espero, não vão levar tão em consideração este tipo de idiotice. Quer dizer, até vão, mas não o suficiente.

domingo, abril 01, 2007

Banalidades

Outro dia vi um estojo, de um menino na minha aula de inglês (aquela em que sou aluno, não a que sou professor). Era um daqueles estojos pretos, retangulares, com umas duas divisões de zíperes. Por dentro tem uns elastiquinhos pretos que servem pra prender as coisas, como lápis, caneta, borracha, apontador, etc.
Eu lembro que quando era pequeno quase todo mundo usava um destes. E eles eram um fato concreto e consumado da vida. Mas depois cheguei em uma época da vida em que as pessoas não usavam mais estojos, e daí nunca mais vi estes estojos assim. E, portanto, eles deixaram de fazer parte das coisas naturais da vida (como camas, escovas de dente, lousas, tênis, camiseta, etc).
Quando eu vi aquele estojo na aula de inglês depois de tantos anos, ele me pegou de surpresa. Era duas coisas ao mesmo tempo: algo que me remetia ao passado, àqueles dias em que estes estojos eram coisas cotidianas e a vida não existia sem eles. E também era só um estojo preto que um cara na aula de inglês usava, uma coisa qualquer destas que se vê por aí. E isso era algo que ele nunca foi quando eu era pequeno.
Anda cada vez mais difícil manter a coerência interna.
Há que se conciliar as coisas com as outras coisas. E muitas vezes são muitas coisas. E andam sendo cada vez mais coisas que se acumulam umas sobre as outras. E daí, as coisas que não deveriam ser coisas acabam se coisificando cada vez mais. E, a partir do momento em que são coisas, acumulam-se entre as outras coisas. E, afinal, sendo todas estas coisas apenas coisas (mesmo aquelas que antes não eram coisas), acabamos sendo obrigados a priorizar as coisas que nos devoram primeiro. E aquelas que não eram coisas e tornaram-se coisas acabam sendo cada vez mais coidificadas, e relegadas e esquecidas e perdidas...Porque as outras coisas, aquelas que sempre foram coisas, acabam devorando a gente mais rápido. Daí a gente pega todo nosso tempo, energia e tudo o mais, para lidar com estas coisas devoradoras. Até que um dia, no qual eu ainda não cheguei e não quero chegar nunca, você vai inevitavelmente esquecer e perder todas as coisas que não eram coisas e tornaram-se coisas e acabaram se enfiando por debaixo de todas as coisas que te devorariam se você não desse sua vida por elas.
E é assim que a banalidade consome o mundo.
E é assim que a vida consome os sonhos.
E é assim que as pessoas deixam de ser sujeitos e, por fim, transformam-se em coisas.

terça-feira, março 27, 2007

É, ando com bastante sorte... não bastasse não poder sair nas sextas-feiras, agora ainda me dou mal quando saio nos poucos sábados em que não estou acabado.
Ao sair da festa da Rita (que foi legal, mas poderia ter sido muito mais se as pessoas tivessem tirado suas bundas gordas do lugar e ido até lá), me deparo com o o vidro do carro quebrado. Engraçado, eu previ isso quando estava saindo dele. Não costumo ficar muito noiado com estas coisas, mas desta vez realmente fiquei preocupado. Claro que, ao invés de pegar minhas coisas, preferi me convencer de que estava sendo neurótico. Perdi uma parcela BEM grande dos meus cds preferidos. Perdi meu bilhete único, o da Vanessa, os cartões de banco dela, o rádio do carro, o vidro e, o que era mais valoroso, a minha sôfrega alegria que tinha conquistado a duras penas tomando mais álcool do que deveria e dançando mais do que poderia, tentando ignorar o fato de que eu era praticamente o único a fazer isso. É meio chato ser o cara que quer curtir a balada a valer quando quase todo mundo só quer ficar sentado, conversando ou até jogando cartas. Mas, quem diria, eu de fato consegui isso. Até consegui insistir o suficiente pra tocar pelo menos metade de dois dos três cds que passei muito tempo selecionando e gravando pra levar na festa e ninguém dançar. E, bem, por mais que isso tenha incomodado algumas pessoas que de fato poderiam preferir uma música mais ambiente do que o meu conceito estranho de trilha sonora para pessoas extremamente bêbadas dançarem enquanto são transportadas pros anos 70 e 80, ainda assim eu me diverti. Sabe, foi difícil mesmo. E em geral, quando nos esforçamos para nos divertir, não dá certo. Mas daí até deu.
Só que quando eu cheguei no carro e vi o vidro quebrado, foi como se toda a infelicidade que eu reprimi durante a festa viesse à tona de uma só vez. Como se na verdade eu só tivesse fingido que me diverti. E daí fui curtir a ressaca moral enquanto acordava um escrivão na DP pra fazer o meu BO e voltar pra casa sob um melancólico nascer do sol.
Recuperei o vidro quebrado com o seguro.
Passei meu domingo cuidando de burocracias, pegando fila pra pedir um novo bilhete único (que demora um milhão de anos pra ficar pronto e custa 23 reais).
Não vou recuperar meus CDs.
Quanto à felicidade, acho duvidoso...
Mas preciso parar de pensar nisso porque amanhã eu começo a dar aulas de redação pra umas pessoas que realmente precisam da minha ajuda pra passar no vestibular.

segunda-feira, março 19, 2007

quinta-feira, março 15, 2007

Desafiando o bom senso ou Boa idéia, Má idéia

Boa idéia: ter uma alimentação saudável, uma boa noite de sono, praticar esportes regularmente e ser feliz e medíocre.

Má idéia: Beber até uma e meia, tomar remédios que dão sono, chegar em casa e preparar um seminário pra aula do dia seguinte até duas e meia. Dormir três horas, acordar às cinco e meia e ir fazer um teste de natação de 10om.
Acho que, depois de passar um pouco mal pela minha estupidez, papai do céu resolveu me castigar com novas prendas. Ao chegar no vestiário e me deparar com meu óculos sem uma das lentes, fui obrigado a passar cerca de dez minutos tateando o chão do vestiário masculino até encontrá-la. Depois disso, o carro se recusava a dar a partida e eu ficava cada vez mais atrasado para a aula do seminário. Resolveu ligar só depois que eu liguei para uma amiga e pedi pra ela avisar o professor que eu não conseguiria chegar a tempo.
Aguardem para as próximas imbecilidades...
Sinto uma angústia horrível e dilacerante, uma vontade de sair correndo e chorar. Meu novo emprego tem uma relação direta com isso.
E fico pensando: é normal? vai passar? Quanto tempo eu aguento? Será que eu não sirvo pra isso?

terça-feira, março 13, 2007

Insólitas

Daí no outro dia eu estava numa festa. Discuti a história do Japão feudal e bebi vários vinhos, de Marcus James a um trazido pessoalmente por um sommelier bam-bam-bam. Fiquei conversando com um cara que trabalha com um amigo meu (Gunther) que eu não vejo faz tempo, tem uns quarenta anos e já fez uns curta-metragens (como o Masp Movie, disponível no Youtube).
Ouvi a síndica reclamando do barulho ferozmente e a dona da festa respondendo a altura.
Lá pelas tantas, chega a polícia. O policial A, por sua vez, entra na casa e toma um vinhozinho conosco e conversa amigavelmente com nossa anfitriã, enquanto o policial B, um pouco menos sortudo, fica do lado de fora ouvindo as reclamações da síndica (que é, aliás, o perfeito estereótipo da síndica velhaca e rabugenta).
Quando a gente sai da festa, eu vejo o par de policiais atendendo outra queixa um quarteirão abaixo. Se não fosse pelo bom senso exógeno da Vanessa, eu teria gritado: Ae policial A, desencana disso aí e vamos tomar um vinho.
Foi bem bacana.

domingo, março 04, 2007

Por que tudo que sobe tem que descer mas nem tudo que vai tem que voltar?

sábado, março 03, 2007

O negócio é ir indo. Se parar pra pensar, já era.

domingo, fevereiro 25, 2007

Se eu fosse um tipo de Deus da Música, um dos meus mandamentos ia ser um lance assim:
"Se as melhores músicas de sua banda forem as músicas de trabalho, então sua banda não merece respeito".

sábado, fevereiro 24, 2007

às vezes eu fico pensando que tudo que a gente acha e pensa, tudo o que faz, nossos esforços mais sinceros, nossas convicções mais inabaláveis, tudo isso é muito mais superficial do que nosso ego e nossa auto-estima querem que a gente acredite. Quer dizer, no final tudo se afunda quando as coisas mais banais vêm à tona com toda sua força.
Eu tive minha segunda enxaqueca hoje (pelo menos não foi tão horrível quanto a primeira, que eu tive na noite do ano novo) e em certo momento, quando minha cabeça doía horrivelmente depois de eu ter já tomado dois remédios que não serviram pra nada, que a coisa mais importante do mundo pra mim naquele momento era aquela dor e como eu queria que ela fosse embora. E eu não conseguiria fazer nada se aquela dor ficasse lá. Por mais altiva e importante que fosse a minha tarefa, aquela ridícula e banal dor na minha cabeça poderia me impedir de fazer isso. Me senti pequeno e fraco e patético (isso, é claro, depois que a dor passou e teve espaço na minha mente para este tipo de sentimento tão existencial que não pode competir com a minha dorzinha mesquinha e egoísta).

terça-feira, fevereiro 20, 2007

A vida é afundar em mediocridade e solidão lentamente (às vezes nem tão lentamente).
Morrer pode interromper a submersão. Mas isso não é necessariamente melhor.
às vezes, quando você já afundou demais, pode achar que as coisas sempre foram assim e parar de se importar.
Como você descobre quando chegou no fundo do poço?
Tenho saudade de ser quem eu não sou, de vez em quando.
E de quando as pessoas eram quem elas nunca foram.
Quer saber o que é ser solitário?

http://br.noticias.yahoo.com/s/17022007/40/entretenimento-homem-encontrado-morto-diante-televisor-ano-apos-falecer.html

sábado, fevereiro 17, 2007

Hoje na mídia bueguesa: a farra das minas peladas e o altruísmo em nome da paz.

Caranaval, samba, mulata, alegria. Estas coisas vêm a calhar para despertar o grandioso sentimento patriótico depois da humilhante e divertida derrota do glorioso Brasil na copa do mundo. A Globo, eu recomendo, é especial para descobrirmos todas as maravilhas do feriado.
No interlúdio ainda um espetáculo muito melhor:
Em nome da paz, a Globo dá uma cobertura de uns cinco minutos para um ato que ocorreu no Rio de Janeiro. Meia dúzia (e isso quase não é figura de linguagem) de tiozões gordos e peruas ridículas de classe média vestiram umas roupas brancas e desfilaram pelo calçadão, exibindo primorosos cartazes confeccionados em folhas sulfite, pedindo a paz e lembrando as vítimas de violência, como a porra do moleque arrastado pelo carro (Caralho, não aguento mais ouvir falar desta merda de moleque!). Juro, nunca vi um "ato de rua" mais patético do que aquele. E olha bem, eu já vou agora pro meu quarto ano de movimento estudantil! Mas a globo deu uma cobertura sem precedentes. Ainda pude ver um pouco dos outros meios de comunicação, apesar de infelizmente não ter acompanhado com a atenção que eles recebem por parte do resto do mundo. Na capa da revista mais gagá e idiota do mundo, a pergunta na cabeça de toda a classe média: "Não vamos fazer nada?" Na rádio Eldorado, um anúncio repetia a pergunta: "nós não vamos fazer nada?!?" Falando sério, acho que o editor chefe da Veja deve ser o J.J. Jameson, e o Hugo Chavez deve ser o Homem-Aranha da vez.

Em homenagem ao Carnaval:

G.R.E.S.
(Pato Fu)

Eu não gosto dos G.R.E.S.
Mas em fevereiro
Tenho que suportar os G.R.E.S.
O carnaval

Com seu espírito de festa
Suas cabrochas na avenida
churrasquinho podro
É uma imposição absurda

Dica do Fernando para sobreviver ao carnaval:
Muito Dostoiévski e cerveja no Toldão.

"Nós não vamos fazer nada?!?"
Eu, particularmente, vou: desligar a merda da TV, ler e encher a cara. Quanto a vocês, eu não estou nem aí.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Das espúrias relações humanas II

Outro dia eu estava observando uns casais de lésbicas. E a maior parte deles se encaixava direitinho no estereótipo menina meiguinha e moça grande e malvada. Tem vários casais de homens que também tem algo semelhante com isso. Daí eu fiquei pensando como isso é escroto. É um lance dos papéis sociais tão consolidados na nossa vida que não conseguimos escapar. Mesmo se você for lésbica, tem que ter o "macho provedor e dominador" e a "mulher frágil e dominada".
As porras dos relacionamentos sempre se tornam relações de dominação e poder, relações de disputa.
É uma merda mesmo tudo isso viu...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Velhos gagás

Primeiro foi o cretino do Ozzy Osbourne apresentando as estripúlias de sua velhice senil e suas criancinhas mega-burguesas mimadas aproveitando uma infância regada a milhões de dólares.
Sei lá, Black Sabbath é legal pra valer e tal, mas acho que qualquer um já esperava que ele fosse fazer uma imbecilidade destas. Não é como se fosse a primeira nem nada assim.
Agora o velho gagá mais tosco do mundo dá as caras no seu reality show INCRIVELMENTE IMBECIL.
Sim fãs de HQ de todos os cantos, Stan Lee apresenta seu programa "Who wants to be a super-hero?", com um apanhado de americanos cretinos se humilhando loucamente em busca de ser a nova cria do velho babão.
Sabe, eu nunca achei ele grande coisa. Acho que era um otário que deu sorte. Ele fazia umas histórias que, como dizia o Will Eisner, eram para "adolescentes idiotas do Kansas" (acredito que ele se referia ao Super-Homem que, de fato, era ainda pior). Acontece que umas pessoas boas pegaram estes heróis do Stan Lee e fizeram uma ou outra coisa bacana com eles, e isso fez eles valerem a pena. Mas, ainda que ele fosse medíocre, era necessário respeitá-lo. Nenhuma HQ, por fodida que seja, pode negar o precursor que ele foi, e as possibilidades que seus quadrinhos mainstream abriram. Ele era um Elvis das HQs. E é por isso que eu fico tão puto com esta bosta de programa que ele faz. Ele arrasta pro buraco da babaquice e da falta de dignidade junto com ele uma parte da história dos quadrinhos. Mas, no fim das contas, é a prova final de que ele é o imbecil que eu sempre desconfiei que ele fosse.
E, se o Neil Gaiman ou o Alan Moore algum dia fizerem uma merda assim, daí é hora de ir atrás de alguém com uma arma.
Sobre as espúrias relações humanas

Outro dia eu vi um pai "educando" seu filho. Estavamos em um ônibus e o pai dizia "segura" para ele segurar a barra, "senta" para ele sentar no banco, "levanta" para ele ficar em pé. Assim, como se fosse um cachorrinho mesmo. Todas as pessoas, evidentemente, tomavam tal comportamento como natural. Afinal, os pais são responsáveis por seus filhos. Por suas ações, por sua educação, por suas vestimentas, por sua alimentação, etc. É de conhecimento geral de todos que uma criancinha remelenta carece de diversos atributos que poderiam lhe propiciar a capacidade de suprir suas necessidades básicas. Isso, portanto, dá direito a quem lhe propicia tudo isso e que, diga-se de passagem, é também responsável pelo seu nascimento (conscientemente ou não), de dirigir os rumos de sua educação e dos primeiros anos de sua vida como bem entendender. Não deixa, enfim, de ser um tipo de dono da criança. E assim, quem poderia interferir no que um dono faz com sua posse? Se ele quer mandar sentar, que sente. Se ele quer ensinar as coisas mais escrotas, que ensine. Dentro é claro, dos limites impostos pela força da Lei, regida pela mais estrita força da moral e dos bons costumes.
Penso que há centenas de anos era perfeitamente natural que um bem apessoado indivíduo tratasse da mesma maneira sua servil esposa ou seu obediente escravo. Hoje, há pelo menos que se encobrir este tratamento com um quê de hipocrisia.
Mas o lance é que fiquei com vontade de mandar o cara no ônibus tomar no cu dele, assim como fico com vontade de fazer isso com dezenas de pais por aí. E acho uma merda que um filho da puta possa educar seu filho pra ser um filho da puta sem que eu possa ir lá e falar pro moleque: "Ei, seu pai é um filho da puta e tudo o que ele diz é merda".
Crianças, apesar de pentelhas e remelentas, não são coisas pra que seus pais decidam o que elas devem ou não saber, ou o que eles devem ou não pensar e fazer.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Primeiro, criamos nossas necessidades. Depois, nossas necessidades nos criam.

emprego, faculdade, cerveja, cama, ortodontista, apartamentos, contratos civis...
O cemitério sempre está mais próximo do que aparenta.

quarta-feira, janeiro 31, 2007

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Ela corria no parque cinco vezes por semana, às cinco da manhã.
Ela, enchia a cara no boteco cinco vezes por semana, às cinco da tarde.
Ela tinha um plano, com metas e objetivos.
Ela, tinha algumas dívidas e um cachorro velho.
Ela tinha um emprego estável, uma renda fixa e um plano de previdência privada.
Ela, fazia bicos e pedia dinheiro aos amigos.
Ela visitava os pais, enviava cartões de natal para uma lista de amigos e contatos importantes, e levava um presente adequado nas visitas de ocasião.
Ela, não fazia festas de aniversário e encontrava colegas de boteco.
Ela sabia pra onde ir quando acordava. Sabia pra onde ir no fim do dia.
Ela, sabia para onde queria que tudo fosse e, sempre que dava, se esforçava para mandar tudo para lá.
Ela tinha um noivo, um compromisso, uma poupança para o enxoval e para o colégio do filho.
Ela, tinha uma queda estúpida e inabalável por alguém que tinha um emprego, um plano, uma meta e um trilho.
A vida era incurável, e ela pungia a cada abrir e fechar de dias.

terça-feira, janeiro 16, 2007