domingo, fevereiro 25, 2007

Se eu fosse um tipo de Deus da Música, um dos meus mandamentos ia ser um lance assim:
"Se as melhores músicas de sua banda forem as músicas de trabalho, então sua banda não merece respeito".

sábado, fevereiro 24, 2007

às vezes eu fico pensando que tudo que a gente acha e pensa, tudo o que faz, nossos esforços mais sinceros, nossas convicções mais inabaláveis, tudo isso é muito mais superficial do que nosso ego e nossa auto-estima querem que a gente acredite. Quer dizer, no final tudo se afunda quando as coisas mais banais vêm à tona com toda sua força.
Eu tive minha segunda enxaqueca hoje (pelo menos não foi tão horrível quanto a primeira, que eu tive na noite do ano novo) e em certo momento, quando minha cabeça doía horrivelmente depois de eu ter já tomado dois remédios que não serviram pra nada, que a coisa mais importante do mundo pra mim naquele momento era aquela dor e como eu queria que ela fosse embora. E eu não conseguiria fazer nada se aquela dor ficasse lá. Por mais altiva e importante que fosse a minha tarefa, aquela ridícula e banal dor na minha cabeça poderia me impedir de fazer isso. Me senti pequeno e fraco e patético (isso, é claro, depois que a dor passou e teve espaço na minha mente para este tipo de sentimento tão existencial que não pode competir com a minha dorzinha mesquinha e egoísta).

terça-feira, fevereiro 20, 2007

A vida é afundar em mediocridade e solidão lentamente (às vezes nem tão lentamente).
Morrer pode interromper a submersão. Mas isso não é necessariamente melhor.
às vezes, quando você já afundou demais, pode achar que as coisas sempre foram assim e parar de se importar.
Como você descobre quando chegou no fundo do poço?
Tenho saudade de ser quem eu não sou, de vez em quando.
E de quando as pessoas eram quem elas nunca foram.
Quer saber o que é ser solitário?

http://br.noticias.yahoo.com/s/17022007/40/entretenimento-homem-encontrado-morto-diante-televisor-ano-apos-falecer.html

sábado, fevereiro 17, 2007

Hoje na mídia bueguesa: a farra das minas peladas e o altruísmo em nome da paz.

Caranaval, samba, mulata, alegria. Estas coisas vêm a calhar para despertar o grandioso sentimento patriótico depois da humilhante e divertida derrota do glorioso Brasil na copa do mundo. A Globo, eu recomendo, é especial para descobrirmos todas as maravilhas do feriado.
No interlúdio ainda um espetáculo muito melhor:
Em nome da paz, a Globo dá uma cobertura de uns cinco minutos para um ato que ocorreu no Rio de Janeiro. Meia dúzia (e isso quase não é figura de linguagem) de tiozões gordos e peruas ridículas de classe média vestiram umas roupas brancas e desfilaram pelo calçadão, exibindo primorosos cartazes confeccionados em folhas sulfite, pedindo a paz e lembrando as vítimas de violência, como a porra do moleque arrastado pelo carro (Caralho, não aguento mais ouvir falar desta merda de moleque!). Juro, nunca vi um "ato de rua" mais patético do que aquele. E olha bem, eu já vou agora pro meu quarto ano de movimento estudantil! Mas a globo deu uma cobertura sem precedentes. Ainda pude ver um pouco dos outros meios de comunicação, apesar de infelizmente não ter acompanhado com a atenção que eles recebem por parte do resto do mundo. Na capa da revista mais gagá e idiota do mundo, a pergunta na cabeça de toda a classe média: "Não vamos fazer nada?" Na rádio Eldorado, um anúncio repetia a pergunta: "nós não vamos fazer nada?!?" Falando sério, acho que o editor chefe da Veja deve ser o J.J. Jameson, e o Hugo Chavez deve ser o Homem-Aranha da vez.

Em homenagem ao Carnaval:

G.R.E.S.
(Pato Fu)

Eu não gosto dos G.R.E.S.
Mas em fevereiro
Tenho que suportar os G.R.E.S.
O carnaval

Com seu espírito de festa
Suas cabrochas na avenida
churrasquinho podro
É uma imposição absurda

Dica do Fernando para sobreviver ao carnaval:
Muito Dostoiévski e cerveja no Toldão.

"Nós não vamos fazer nada?!?"
Eu, particularmente, vou: desligar a merda da TV, ler e encher a cara. Quanto a vocês, eu não estou nem aí.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Das espúrias relações humanas II

Outro dia eu estava observando uns casais de lésbicas. E a maior parte deles se encaixava direitinho no estereótipo menina meiguinha e moça grande e malvada. Tem vários casais de homens que também tem algo semelhante com isso. Daí eu fiquei pensando como isso é escroto. É um lance dos papéis sociais tão consolidados na nossa vida que não conseguimos escapar. Mesmo se você for lésbica, tem que ter o "macho provedor e dominador" e a "mulher frágil e dominada".
As porras dos relacionamentos sempre se tornam relações de dominação e poder, relações de disputa.
É uma merda mesmo tudo isso viu...

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Velhos gagás

Primeiro foi o cretino do Ozzy Osbourne apresentando as estripúlias de sua velhice senil e suas criancinhas mega-burguesas mimadas aproveitando uma infância regada a milhões de dólares.
Sei lá, Black Sabbath é legal pra valer e tal, mas acho que qualquer um já esperava que ele fosse fazer uma imbecilidade destas. Não é como se fosse a primeira nem nada assim.
Agora o velho gagá mais tosco do mundo dá as caras no seu reality show INCRIVELMENTE IMBECIL.
Sim fãs de HQ de todos os cantos, Stan Lee apresenta seu programa "Who wants to be a super-hero?", com um apanhado de americanos cretinos se humilhando loucamente em busca de ser a nova cria do velho babão.
Sabe, eu nunca achei ele grande coisa. Acho que era um otário que deu sorte. Ele fazia umas histórias que, como dizia o Will Eisner, eram para "adolescentes idiotas do Kansas" (acredito que ele se referia ao Super-Homem que, de fato, era ainda pior). Acontece que umas pessoas boas pegaram estes heróis do Stan Lee e fizeram uma ou outra coisa bacana com eles, e isso fez eles valerem a pena. Mas, ainda que ele fosse medíocre, era necessário respeitá-lo. Nenhuma HQ, por fodida que seja, pode negar o precursor que ele foi, e as possibilidades que seus quadrinhos mainstream abriram. Ele era um Elvis das HQs. E é por isso que eu fico tão puto com esta bosta de programa que ele faz. Ele arrasta pro buraco da babaquice e da falta de dignidade junto com ele uma parte da história dos quadrinhos. Mas, no fim das contas, é a prova final de que ele é o imbecil que eu sempre desconfiei que ele fosse.
E, se o Neil Gaiman ou o Alan Moore algum dia fizerem uma merda assim, daí é hora de ir atrás de alguém com uma arma.
Sobre as espúrias relações humanas

Outro dia eu vi um pai "educando" seu filho. Estavamos em um ônibus e o pai dizia "segura" para ele segurar a barra, "senta" para ele sentar no banco, "levanta" para ele ficar em pé. Assim, como se fosse um cachorrinho mesmo. Todas as pessoas, evidentemente, tomavam tal comportamento como natural. Afinal, os pais são responsáveis por seus filhos. Por suas ações, por sua educação, por suas vestimentas, por sua alimentação, etc. É de conhecimento geral de todos que uma criancinha remelenta carece de diversos atributos que poderiam lhe propiciar a capacidade de suprir suas necessidades básicas. Isso, portanto, dá direito a quem lhe propicia tudo isso e que, diga-se de passagem, é também responsável pelo seu nascimento (conscientemente ou não), de dirigir os rumos de sua educação e dos primeiros anos de sua vida como bem entendender. Não deixa, enfim, de ser um tipo de dono da criança. E assim, quem poderia interferir no que um dono faz com sua posse? Se ele quer mandar sentar, que sente. Se ele quer ensinar as coisas mais escrotas, que ensine. Dentro é claro, dos limites impostos pela força da Lei, regida pela mais estrita força da moral e dos bons costumes.
Penso que há centenas de anos era perfeitamente natural que um bem apessoado indivíduo tratasse da mesma maneira sua servil esposa ou seu obediente escravo. Hoje, há pelo menos que se encobrir este tratamento com um quê de hipocrisia.
Mas o lance é que fiquei com vontade de mandar o cara no ônibus tomar no cu dele, assim como fico com vontade de fazer isso com dezenas de pais por aí. E acho uma merda que um filho da puta possa educar seu filho pra ser um filho da puta sem que eu possa ir lá e falar pro moleque: "Ei, seu pai é um filho da puta e tudo o que ele diz é merda".
Crianças, apesar de pentelhas e remelentas, não são coisas pra que seus pais decidam o que elas devem ou não saber, ou o que eles devem ou não pensar e fazer.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Primeiro, criamos nossas necessidades. Depois, nossas necessidades nos criam.

emprego, faculdade, cerveja, cama, ortodontista, apartamentos, contratos civis...
O cemitério sempre está mais próximo do que aparenta.