quinta-feira, julho 28, 2011

Os revolucionários vão chegando...

Finalmente uma camada de camaradas da LER-QI começaram a expressar suas ideias na internet de maneira mais sistemática. Recomendo a todos os novos links que coloquei ali do lado. Bem melhor do que este blog às traças. Estão faltando alguns ainda, colocarei em breve.

segunda-feira, julho 11, 2011

Pra que serve um mestrado?

Hoje ganhei novamente o direito de comer no bandejão, usar o HU, o CEPEUSP e todos os direitos fornecidos aos estudantes da USP. Neste último mês fui barrado duas vezes na portaria e só pude entrar com uma ligação de amigos do Crusp. A PM ostensiva não é o único novo sinal de fechamento cada vez maior da USP. Sinto ódio de pensar que os trabalhadores que construíram, sustentam e produzem esta universidade não podem usufruir dela; são barrados todos os dias, não só na portaria, mas em qualquer entrada material e imaterial deste glorificado "templo do saber" da elite obtusa.
Os trabalhadores que me serviram hoje no bandejão, do qual senti tanta falta neste pouco tempo, não tem o direito de estudar na USP. As trabalhadoras da limpeza, os das lanchonetes, xerox, enfim, tudo o que seja necessário para que sua estrutura funcione, são considerados pelos seus professores e estudantes como autômatos, como servos, como invisíveis.
É a estes - os trabalhadores - que tudo produzem e a quem tudo é negado, que quero dedicar meu mestrado. Quero entrar novamente na USP como quem entra em território inimigo para fazer um trabalho clandestino. Numa universidade que foi criada para garantir à burguesia paulistana e brasileira os instrumentos de que precisava para manter sua rédea curta sobre os trabalhadores, e que até hoje se sustenta sobre exploração, miséria, exclusão e humilhação - como bem demonstrou a recente greve das valiosas companheiras e companheiros da empresa terceirizada de limpeza União - eu quero ser um parasita, colocando meus humildes mas decididos esforços a corroer este lixo por dentro.
Colocar esta universidade a serviço da classe trabalhadora, é este o objetivo. As páginas que lerei, analisarei, estudarei, divulgarei, são valiosos documentos históricos, culturais e artísticos desta classe, a nossa classe, a classe revolucionária sobre cujos ombros repousa a dificílima porém maravilhosa tarefa de varrer de uma vez por todas esta sociedade carcomida e criar uma nova. Nossa história é só mais um dos bens que nos são expropriados todos os dias pela burguesia. Ela nos é deturpada, escondida, distorcida, ridicularizada, falsificada todos os dias. E para isso a classe dominante usa de todos os instrumentos que tem à mão: a família, a escola, a Igreja, a televisão, os jornais, a indústria cultural, a repressão policial, a fome, a miséria.
John Reed, autor que serve como base de minha pesquisa, foi um destes que colocou em prática a subversão destes valores. Estudante da esnobe universidade de Harvard, é até hoje considerado um pária dentro de seus muros. Porque traiu sua classe de origem - a burguesia - e deu seu sangue para retratar a história da classe trabalhadora, para desfazer as mentiras propagadas aos quatro cantos sobre a maior e mais importante revolução protagonizada pelos trabalhadores até hoje.
Contudo, ele, como eu, sabia que isso não bastava. Há na universidade os raros e valiosos professores que colocam seu conhecimento à serviço dos trabalhadores. Eles merecem nosso respeito, mas precisamos ter a pungente consciência de que isso não basta. Para de fato acabar com o vestibular, fornecer livre acesso ao conhecimento a todos, fazer com que a arte e a cultura saiam dos museus e livros e se faça carne na vida real das ruas, só existe uma possibilidade: a derrubada violenta desta sociedade a partir da auto-organização dos explorados.
Por isso, acima de tudo, meu objetivo ao voltar para a USP é colocar todo meu conhecimento a serviço da construção da ferramenta necessária, imprescindível, para executar esta tarefa. Esta ferramenta é um partido revolucionário, com uma estratégia que possa permitir à classe tomar o poder quando for a hora. Esta ferramenta, como a história já nos ensinou por diversos meios, não se improvisa, não surge do nada. Ela é necessariamente fruto do esforço de milhares de mulheres e homens ao longo de intensos e duros anos de preparação. Ela se constrói ao lado da classe trabalhadora, inserida em suas lutas, ganhando e perdendo com ela, aprendendo cada lição. Ela deve ser sua memória, seus olhos, sua experiência, sua arma, sua consciência. Que o conhecimento que eu possa adquirir nesta empreitada seja mais um modesto recurso no arsenal da classe trabalhadora e de seu partido para travar a luta decisiva.
Façam-me votos de que eu possa ser uma ovelha negra neste imenso pasto de cordeirinhos brancos.

ELOGIO DO PARTIDO
Bertolt Brecht

O indivíduo tem dois olhos
O Partido tem mil olhos
O Partido vê sete Estados
O indivíduo vê uma cidade.
O indivíduo tem sua hora
Mas o Partido tem muitas horas.
O indivíduo pode ser liquidado
Mas o Partido não pode ser liquidado.
Pois ele é a vanguarda das massas
E conduz a sua luta
Com o método dos Clássicos, forjados a partir
Do conhecimento da realidade.

"Y, ¿qué tengo que decirle a la Universidad como artículo primero, como función esencial de su vida en esta Cuba nueva? Le tengo que decir que se pinte de negro, que se pinte de mulato, no sólo entre los alumnos, sino también entre los profesores; que se pinte de obrero y de campesino, que se pinte de pueblo, porque la Universidad no es el patrimonio de nadie y pertenece al pueblo de Cuba, y si este pueblo que hoy está aquí y cuyos representantes están en todos los puestos del Gobierno, se alzó en armas y rompió el dique de la reacción, no fue porque esos diques no fueron elásticos, no tuvieron la inteligencia primordial de ser elásticos para poder frenar con esta elasticidad el impulso del pueblo, y el pueblo que ha triunfado, que está hasta malcriado en el triunfo, que conoce su fuerza y se sabe arrollador, está hoy a las puertas de la Universidad, y la Universidad debe ser flexible, pintarse de negro, de mulato, de obrero, de campesino, o quedarse sin puertas, y el pueblo la romperá y él pintará la Universidad con los colores que le parezca."
- Che Guevara, 1959

segunda-feira, julho 04, 2011

Madrugada adentro...

As coisas nunca saem como planejadas. Às vezes planejamos dormir cedo. Às vezes planejamos não nos apaixonarmos mais. Às vezes planejamos manter um emprego. As coisas nunca saem como planejamos.
Mas de vez em quando descobrimos que nossos planos são tão bobos, uma porcariazinha perto da vida. Descobrimos que ela nos trás muito mais do que nossos esqueminhas ridículos poderiam prever. Nos trás com o que sonhar, com o que viver. Nossos planos são mesquinhos demais para esta vida.