segunda-feira, novembro 09, 2009

Quem não tem cão...

Às vezes o dia amanhece de tarde, com aquele sol alto das duas horas já cansado de tanto tostar as pessoas e querendo ir se esconder. O dia já quer virar noite, e eu só queria ser capaz de dormir pra sempre.
Ora, que se dane! Que se dane mil vezes!
Você que me interroga com esta cara de quem não quer fazer nada!
A vida que me interroga com a podridão que oferece nos jornais, nas esquinas, nas bocas de quem eu encontro pela frente. Já me levantei, fazer o que? É necessário mastigar a nós mesmos, mastigar, mastigar, mastigar e, por fim mas nunca menos importante, é necessário engolirmos a nós mesmos.
Farei a digestão de meus pequeninos sentimentos apodrecidos acompanhada de um cálice de vodka.

domingo, fevereiro 22, 2009

Literatura sob a ótica marxista

Pois já demorou pra que eu me dê esta tarefa, e eu enrolei tanto justamente porque ela é assustadoramente difícil. Mas então agora vou me enterrar em livros e pesquisas pra tentar pensar uma série de questões sobre a literatura.
Pra começar, estou lendo "A formação da literatura brasileira", do Antonio Cândido.

domingo, fevereiro 15, 2009

Passa Palavra

E daí tem alguns amigos participando de um coletivo de notícias sobre movimentos populares e sociais. Tá adicionado ali nos links e, pra não ter erro, tá aqui:

http://passapalavra.info

Ainda é cedo pra fazer algum comentário acerca da minha opinião, mas logo mais eu dou meu parecer.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Paraisópolis - favela sitiada

Vídeos sobre a ação dos cachorros de guarda:

youtube - reparem nos comentários

e

Globo

Cornelius Castoriadis

Então eu vou começar a ler um livro chamado "A instituição imaginária da sociedade" que o Ciola (provavelmente o único leitor deste blog hahaha!) me emprestou. O autor é Cornelius Castoriadis, de quem eu nunca havia ouvido falar na vida. Então, pensei, é melhor eu ter alguma remota idéia de quem está falando comigo antes de ler. E fui maior fonte de conhecimento rápido e superficial do mundo, o Google. E eis que encontrei um sumário sucinto de uma opinião pessoal de um "castoridiano" (ou castorista, se preferirem) sobre o sentido da elaboração de teórico deste filósofo grego.
está aqui ó: Web Site Cornelius Castoriadis/Brasil

Isto é bom porque me dá também uma idéia de quem são os leitores e divulgadores de sua obra. E é possível que já me dê uma idéia do que vou encontrar no livro.

Favela sitiada




São quatrocentos policiais, cem viaturas, vinte cavalos, quatro cães e um helicóptero que mantém a “Lei e a Ordem” hoje na favela de Paraisópolis. Não bastasse o cotidiano de exploração e miséria a que estão submetidos os oitenta mil habitantes, hoje eles vivem submetidos ao terrorismo constante dos “homens da lei”. É esta a “Operação Saturação”, um destes momentos em que a face mais verdadeira e crua da nossa sociedade vem à tona. Basta de qualquer verniz democrático, é hora de mostrar até que ponto o Estado está disposto a manter os pobres em seu lugar à força de armas. Só quem mora lá sabe o que é viver nesta situação. E a nós, chegam somente alguns respingos de informação:

Moradores da Favela de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, acusam cinco agentes da Companhia de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar de terem mantido ontem dois adolescentes em cárcere privado e de agredi-los dentro da casa de um deles.

Polícia revista moradores nas entradas de Paraisópolis

Cinco membros da comunidade foram ontem à ouvidoria das polícias para reclamar de excessos na abordagem policial.

"Nossa preocupação é que tem muita polícia dentro da comunidade. Se foi necessário, foi no primeiro dia. Há alguns excessos na abordagem. Eu presenciei um policial gritando e xingando um cidadão que estava sendo revistado, de mãos na parede", afirma o radialista José Lopes, de 56 anos.

O padre Luciano Borges Basílio, da Paróquia São José, localizada na favela, também reclamou da truculência da Polícia Militar. O religioso disse que, mesmo usando roupa eclesiástica, foi maltratado ontem de manhã em abordagem dos homens do Regimento da Cavalaria.


Espumante, a raivosa “opinião pública” da burguesia clama por “justiça”, e a imprensa mostra o sofrimentos dos pobres vizinhos de Paraisópolis:

Vizinho de Paraisópolis, Morumbi vive dia de medo

Olhem os comentários

Pois é. Tudo em nome do "bem-estar social". Eu fico imaginando o tipo de coisa que está acontecendo lá e que não é divulgado.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Oba! Socialismo em dias de festa: Reunião anticapitalista no maior evento neohippie do mundo!



'Terminamos o FSM com uma vitória do socialismo e da revolução, com novas inspirações, renovados na busca de outro mundo socialista', afirmou Pedro Fuentes, Scretário de Relações Internacionais do PSOL.


Ah, fala sério! Vamos lá, pessoal, vocês acham mesmo que é assim que se luta contra o capitalismo? A história realmente não tem absolutamente NADA a ensinar para vocês? Ou será que é pura hipocrisia? (As perguntas não são retóricas, se alguém souber ou quiser tentar respondê-las, estou aguardando ansiosamente.)

Sobre Górki

Estou lendo agora a trilogia autobiográfica do Górki.
Terminei o "Infância", em que ele fala sobre suas primeiras lembranças, começando com a morte do pai e a mudança com sua mãe para a casa dos avós. Neste ponto de partida é maravilhoso o modo como Górki já descarta a possibilidade de uma autobiografia enciclopédica com enumeração e listagem de fatos, memórias, e muito blá blá blá digno das páginas da revista "Cult" ou outras publicaçõs tipo "Revista caras para burgueses metidos a intelectual", tal como, infelizmente, a Biografia recém-lançada a respeito de Maiakóvski ("Maiakovski: O poeta da Revolução", Aleksandr Mikhailov, Record, 2008). Ele começa com o ponto de vista próprio da memória infantil, e suas lembranças principiam subitamente no momento fundamental da morte de seu pai.
A partir daí, delinea-se o retrato da sua infância de miséria na família cada vez mais pobre de seu avô, onde os filhos homens disputam tapa a tapa qualquer herança que puderem conseguir de seu pai (incluindo o dote da irmã). A mesquinharia não fica na geração mais recente, e mostra suas raízes mais profundas na figura do avô. A violência absurda de uma sociedade patriarcal, conservadora, e machista, fruto da vida de obscurantismo e opressão a que os personagens estão submetidos cotidianamente, é retratada por Górki de maneira não apenas precisa, mas com o verdadeiro talento de um grande escritor (Górki, sendo quase unanimemente considerado pela crítica como um escritor de altos e baixos, também quase unanimemente tem a sua trilogia apontada como uma de suas melhores criações). Contraditoriamente, são os primeiros choques da criança com este mundo brutal que irão moldar a sua personalidade extremamente sensível, aliada à revolta contra a opressão, traços que fundamentarão a produção literária e a militância socialista que estão na base da vida de Górki. O absoluto horror a certas experiências, por vezes, deixa entrever no olhar da criança os olhos de um homem já maduro, que vê a sua vida infantil com os olhos de um adulto dotado de extrema sensibilidade e já inconformado com a miséria do nascente (porém ainda mais arcaico do que em sua contraparte Européia) capitalismo russo.
São estas passagens, que aliam a vida de miséria da criança e de seu meio com a sensibilidade e a indignação do escritor socialista, que conferem ao livro o seu sentido último. Tal ocorre, por exemplo, quando, ao retornar de um verão no qual trabalhara e viajara como lavador de pratos em um barco e caçador de pássaros, o jovem Aliekséi (Górki), retorna à casa dos antigos patrões:

"Parecia-me que, no decorrer daquele verão, eu vivera uma experiência tremendamente rica, envelhecera e ficara mais inteligente enquanto, na casa dos patrões, no mesmo período, o enfado se adensara ainda mais. Eles adoecem com a mesma frequência, desarranjando os intestinos com a comida farta, contam uns aos outros, com as mesmas minúcias, o evoluir das suas doenças, a velha [mãe de seu patrão e irmã de sua avó] reza a Deus de maneira terrível e rancorosa, como sempre."

Bom, há muito ainda que eu poderia falar sobre os romances, mas ainda nem terminei de lê-los. Vou seguir o método Ciola de tentar falar para os outros para ver se escuto de novo e dizer aqui que pensei diversas vezes como valeria a pena fazer um estudo comparativo entre o "Infância" do Górki e o "Infância" do Graciliano Ramos. Mas aí eu fico pensando se vale a pena e para que eu faria isto e começo a me questionar sobre a validade da crítica literária no mundo em que vivo e blá blá blá até que a perspectiva do tal estudo some completamente.

Ciola: vou consertar o "afundar", senhor piadista, mas não vou remunerar seu serviço barato de revisão de texto. Quanto ao livro, foi mal, eu li pra caralho nestas férias e acabei deixando justo ele de canto. Mas você pode compreender né? Há tanta coisa que eu preciso ler, e um cara com o qual eu já não tenho tanto acordo logo de cara é pouco tentador. Entretanto, acho importante ler os teóricos que discordo (visando principalmente os objetivos expressos há uns dois posts atrás) e já te prometo de antemão (sua tática, novamente) que vou ler e escrever algo a respeito dele.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Engatinhando, engatilhando...

Mais fácil falar do que fazer...
Não sei o que me ocorre, ando com um bloqueio para realizar certas tarefas. De qualquer forma, posto aqui a minha intenção com o intuito de criar alguma pressão sobre mim e, assim, quem sabe, conseguir parir o rebento.
É o seguinte: após finalmente concluir a leitura do livro de Orlando Figes sobre a Revolução Russa, e estou querendo escrever uma breve resenha sobre ele. Talvez seja o fato de que não me preparei adequadamente para esta intuito enquanto lia o livro, ou talvez seja só um pouco de receio por tentar defender uma visão bastante diferente das muitíssimo bem fundamentadas mil páginas do livro, mas o fato é que o negócio ainda não foi pra frente. Acho que preciso entender que, não importa o que eu escreva agora, vai ser só um tipo de rascunho com primeiras impressões.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Não há prática revolucionária, sem teoria revolucionária

A conhecida citação de Lênin diz tudo, e qualquer um que se pretenda um militante revolucionário minimamente consequente há de concordar com isto, seja ou não partidário do Leninismo. Para nós, vivendo em uma época em que o legado de tradições das lutas do movimento operário e socialista remonta mais de dois séculos, e em que a ideologia triunfante burguesa (e até mesmo muitos que se autodenominam como "de esquerda") alardeou o fim da União Soviética como a vitória final do capitalismo, a tarefa de estudar e resgatar esta história a fim de aprender suas lições é tão difícil quanto necessária.
Por experiência própria sei que é prática comum entre a militância de esquerda (talvez no Brasil em especial) fazer tabula rasa da vastíssima experiência de lutas dos trabalhadores, descartando absolutamente tudo o que veio antes como inútil sem ao menos se dar ao trabalho de conhecer isto que se joga fora. É uma tentativa inútil, desesperada e leviana de criar algo como um foguete espacial sem querer saber ao menos como se faz um motor de combustão. É impressionante, no entanto, como um modo de agir tão estúpido vigora com tanto fervor entre a esquerda. Eu mesmo, por exemplo, demorei anos até me dar conta de que tomava tal atitude.
Entretanto, a postura mais perniciosa diante da teoria revolucionária e da história da luta pelo socialismo leva esta cretinice adiante, pois, além de ignorar flagrantemente a história, acredita que sabe dela tudo o que é necessário, transformando análises absolutamente superficiais em dogmas dignos de serem seguidos às últimas consequências.
A história está repleta de nomes que dedicaram longas vidas inteiramente à causa revolucionária, e que morreram sem aprender uma ínfima parte do que desejavam. Em geral, sua luta levou a sua morte prematura. Está repleta também de erros e acertos das lutas pregressas, cujo simples estudo poderia ajudar enormemente a nos prepararmos para as lutas vindouras. Poucos são os revolucionários dignos de respeito que, ao longo de sua vida, não mudaram posturas e reviram pontos fundamentais de sua prática pautados em elaborações teóricas que foram frutos de um confrontamento cotidiano de suas concepções diante da realidade concreta. Muitas vezes, aqueles que se vangloriam de peito estufado de uma pretensa "coerência teórica" são os mais obtusos militantes. Alguns dos textos mais brilhantes da história da teoria socialista são os textos de polêmicas, em que os revolucionários se debruçavam exaustivamente sobre concepções alheias, esforçando-se para demonstrar porque e em que estas estavam equivocadas.
Já passa da hora de retomarmos seriamente estas tradições, de realmente pensarmos criticamente nossas práticas, pois sem isso estamos fadados ao fracasso e a mediocridade. Estes já são um terrível peso sobre as costas de um indivíduo. São muito piores quando temos a responsabilidade de fundarmos um projeto coletivo, que pretende ser uma luta pela emancipação de toda a humanidade, junto com nossos próprios erros.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Acho que não sei mais fazer este negócio de blog, tem ares de coisa muito estúpida pra que eu consiga fazer algo bom dele.
Ando tentando ler 5000 páginas antes de voltar às aulas, pra ver se consigo pelo menos aproveitar as férias.
Quem passar aqui, deixe o link de seu respectivo site pq perdi todos quando fui mudar o lay-out do meu.