sexta-feira, setembro 27, 2013

Piquete do Brás: o dia em que os terceirizados disciplinaram a burocracia sindical

Companheira do call center em apoio à greve dos bancários

São seis horas da manhã quando vou chegando ao piquete do Brás; um grande prédio no qual funciona uma agência mas cuja principal função é administrativa e de sede de um grande call center da Caixa Econômica. Já sabia que seria um piquete diferente do último que participei, o piquete da Sete de Abril no primeiro dia de greve. Algumas mudanças importantes haviam ocorrido desde aquele dia. O piquete da Sete, modesto em suas proporções, havia aberto uma via há muito fechada nas greves dos bancários de São Paulo: a da ação independente e auto-organizada dos trabalhadores a partir das bases. O significado simbólico disto e, principalmente, o potencial latente na hipótese de que este pequeno exemplo se generalize e se torne uma ação comum em toda a categoria ou em parte significativa dela foi algo que caiu como uma bomba no água parada da passividade construída cuidadosamente por décadas da burocracia da CUT. A pequena pedra atingiu esta água e formou ondulações que foram se espalhando por toda a categoria, agitando estas águas calmas. Agora, estas ondinhas chegavam no Brás, já maiores do que no lugar onde a pedra atingiu a superfície da água.

No segundo dia da greve, quando o piquete do Avante Bancários fechou o prédio da Sé, os resultados das perturbações na água parada da burocracia cutista já se notavam. Uma gerente disse: "fiquei sabendo do que vocês fizeram ontem na Sete e não acreditei que era verdade. Agora estou vendo que é." Sim, é verdade. É uma oposição pequena, minúscula. A direção majoritária do PT adora "se gabar" deste fato; nisto, não estão sozinhos: a "oposição majoritária" do Movimento Nacional de Oposição Bancária (MNOB), dirigida pelo PSTU, também se arroga o direito de desprezar aquilo que costumam qualificar como "seita": as agrupações menores de oposição, em sua visão sempre ultra-esquerdistas (ainda que raramente se dediquem a decifrar o conteúdo desta sua crítica). Esta oposição era a pedrinha caindo na água. As pequenas expressões da passividade já mostravam a novidade de tudo aquilo: enquanto estávamos no piquete da Sete no primeiro dia, o camarada Edu ligou pro seu sindicato pedindo um advogado para nos ajudar com a polícia. A secretaria do sindicato tenta entender o que está acontecendo: "Vocês estão no piquete?", pergunta. "Isso", responde Edu. "Mas você trabalha na Caixa?", supreende-se a secretária pela primeira vez, já que os piquetes dos bancários são há décadas feito pelos "terceirizados", gente contratada pelo sindicato para "fazer um bico" piquetando as agências enquanto os bancários vão pras colônias de férias com desconto da APCEF. Edu confirma: ele trabalha na Caixa. "Mas você trabalha nesta agência mesmo?", pergunta a inconformada secretária. Onde já se viu isto? Um bancário fazer um piquete em seu local de trabalho? Ora, mas isto sem dúvida não era coisa do sindicato... é, não era mesmo. Ainda assim, a desconfiada secretária mandou um advogado para averiguar aquela estranha situação de trabalhadores protagonizando a sua própria greve.

Pasmem, ó "históricos" dirigentes do movimento de bancários! Pasme, ó "histórica" oposição bancária: estas pequenas "seitas ultra-esquerdistas", reunidas no Avante Bancários, mudaram alguma coisa na "greve de calendário", com direito a promoção na colônia de férias, piqueteiros "terceirizados", censura a falas na assembleia e o todo o tipo de burocrateadas bárbaras que se possa imaginar na rotina de um punhado de ratos velhos que mama nas tetas do imposto sindical, deitados em berço esplêndido. O piquete da Sé, logo após o da Sete de Abril, mostrou que não se tratava de um importuno episódio: a oposição pela base estava nascendo pra valer. Era necessário mexer o traseiro acomodado da cadeira de burocrata para conter esta semente da discórdia, pronta a brotar no seio do movimento operário e sindical dos bancários. Dito e feito, porque macaco velho da burocracia não vai abandonar "a luta" (leia-se, seus cargos bem remunerados do sindicato) pra um punhado de moleques aparecerem como um setor combativo na "sua" greve: no piquete da Avenida Paulista, o terceiro da greve, lá estava o sindicato e, seguindo-o como "uma sombra à esquerda", o MNOB. Sobre este piquete, não posso dizer muito além disso, porque não estava lá.

Mas era este o cenário político da greve quando me dirigi, na manhã de ontem, para o prédio do Brás. No metrô, já vi algo que podia indicar uma mudança: um militante do PSTU, estudante da USP, sentado no mesmo vagão que eu. "Vai pro piquete, o PSTU está colocando seus estudantes para apoiar", pensei, entusiasmado, sentindo a mudança no ar. Mas quando o trem passou pela Sé, meu engano se desfez quando ele desceu; devia estar indo pro trabalho. Por isto, não pensei que seria nada diferente quando desci no Brás e avistei, do outro lado da rua, Altino, presidente do Sindicato dos Metroviários e militante do PSTU. "Deve estar indo pra outro lugar...". Desta vez, subestimei-os: Altino estava indo para o piquete. E quando cheguei lá, muitos rostos desconhecidos estavam já em frente aos quatro acessos ao prédio.

Altino, presidente do Sindicato dos Metroviários, no piquete do Brás

Aos poucos, com a ajuda de meus camaradas, fui conhecendo suas filiações partidárias, sindicais, ideológicas: diretores do sindicato do PT e da CUT, oposicionistas do PSTU, militantes da ASS, MR e outras agrupações que compõem conosco o Avante Bancários. No total, mesmo com esta "disposição para a luta" demonstrada pela direção e oposição, nossa "pequena seita ultra-esquerdista" ainda era maioria no piquete, e a única organização que havia mobilizado a juventude e os estudantes para apoiar ativamente a luta. Segundo me informaram, poucos efetivos trabalhavam no prédio; mas cerca de mil terceirizados do Call Center se dividiam pelos turnos. E logo começaram a chegar. A imensa maioria eram mulheres, jovens e negras: os rostos de sempre quando falamos dos trabalhos mais precarizados. E é disto que se trata no call center de um banco: setecentos e poucos reais por mês, cinco e cinquenta de vale alimentação, sem direito a faltas, sem direito a pausas para ir no banheiro, tempo contado em vinte minutos para o almoço (com 500 funcionários e 3 microondas para esquentar a comida!), assédio moral generalizado, metas de vendas sem comissão (mas com "brindes", como ingressos pro cinemark!), vale creche de 130 reais (que era necessário comprovar a necessidade todo mês com firma reconhecida em cartório!)... enfim, mesmo a lista apenas das coisas que ouvi hoje já é grande demais para colocar aqui, mas acho que deu pra entender o espírito da coisa. Tudo isto para vender a pessoas coisas que elas não querem e não precisam, tentando bater mil metas que não interessam a nenhum ser humano exceto os banqueiros e seus comparsas.

As primeiras trabalhadoras se surpreenderam pelo fato de que não as deixaríamos entrar: afinal, a greve era dos bancários, e elas eram do call center. Enquanto conversávamos tranquilamente com elas, tentando dizer porque deveria ser uma luta de todos e a necessidade de unificação, os burocratas do sindicato chegaram junto querendo "mostrar serviço" no piquete, tratando-as da mesma forma que tratariam um efetivo fura-greve, sem agressões mas de forma impositiva, simplesmente informando que não iriam entrar... Contudo, bem distinto foi a postura que vi estes senhores terem alguns minutos depois, quando apareceu o gerente geral do prédio, ou ainda com o gerente de pessoal que já estava dentro do prédio antes das quinze pras seis, quando o piquete começou: muitas piadinhas amigáveis, risadas, uma relação curiosamente fraternal para quem está do outro lado da greve. E era assim: os militantes do MNOB extremamente cordiais com aqueles mesmos burocratas que vetam a palavra aos bancários nas assembleias utilizando bate-paus contratados do sindicato; os diretores do sindicato, por sua vez, extremamente amáveis com a chefia que impõe metas, assédio moral, super-exploração sobre os funcionários. Vendo aquilo, parecia até que a greve e o piquete eram uma encenação para eles, uma obrigação a cumprir no dia, depois da qual todos poderiam perfeitamente se sentar numa mesma mesa de bar para uma boa conversa. Se é isto que é luta de classes, eu acho que toda minha "inexperiência" me ensinou coisas bem malucas e esquisitas nas greves da USP ou nas leituras da história do movimento revolucionário que talvez tenham que ser rebatizadas com algum outro nome!

Terceirizadas do call center do turno da manhã começam a se juntar na praça em frente ao prédio
As trabalhadoras terceirizadas foram para o outro lado da rua e começaram a se juntar por lá, primeiro cinco, depois quinze...logo eram centenas. São umas sete da manhã quando a burocracia liga o "seu" som. Se no primeiro dia de greve tivemos que recorrer ao Centro Acadêmico de Letras da USP para poder ter uma mera caixa de som no piquete da Sete, ontem o cenário era um bocado diferente. Uma tenda montada em frente ao prédio com duas belas caixas de som apoiadas em pedestais; microfone, mesa de som, um operador para o equipamento; além disso, ganhamos lanchinhos (suquinho de caixinha, sanduíche de peito de peru com queijo e maçã, tudo embaladinho num saquinho), café e água à vontade.
Lanchinho também "terceirizado" do sindicato para o piquete

É triste como todo o aparato do sindicato é na realidade de seus diretores (leia-se burocratas), estando à disposição quando eles querem. Comendo aquele lanchinho me lembrei do simples "x-greve" do sintusp: um pão com manteiga, ou mortadela, ou queijo ou um patê. Nos dias "de luxo", era com salsicha. Comíamos todos juntos, trabalhadores e estudantes, terceirizados e efetivos, e até mesmo os poucos professores que apareciam por lá. Na greve dos bancários, contudo, os terceirizados do outro lado da rua não receberam uma sacolinha com lanchinho... até nas pequenas coisas o sindicato naturaliza a divisão da classe.

Abre-se o microfone e o primeiro a falar é um burocrata jovem, em formação ainda. Sua fala, bastante ruim em geral, me chamou a atenção pelo conteúdo de sua denúncia à terceirização: centrava-se no questionamento à Lei Mabel (PL 4330), cujo objetivo é o de ampliar a terceirização para as chamadas "atividades fim", ou seja, tirá-la do âmbito das funções que a justiça burguesa resolveu classificar como "menos importantes", como a limpeza, segurança, call center e passar para bancários diretamente, no caso desta categoria, impondo uma nova divisão que passa da já aplicada hoje no seio da categoria para uma nova que divide até mesmo os que dentro de uma categoria exercem uma mesma função. É evidente que o combate à Lei Mabel é uma tarefa fundamental de qualquer trabalhador, mas o relevante neste caso é o corporativismo do burocrata da CUT, que pensa apenas na sua "base eleitoral" que pode perder o emprego por causa da nova lei. E as centenas ali do outro lado da rua, para quem a Lei Mabel não muda nada e que hoje já sofrem os efeitos da terceirização? Para eles algumas palavras ao vento sobre como é duro seu trabalho...

Edison, delegado sindical da Caixa e militante da LER-QI e da agrupação Uma Classe, pega o microfone em seguida para se dirigir justamente às terceirizadas, falando da necessidade de unificar a luta e que o sindicato passe a lutar pela efetivação sem concurso público, garantindo os mesmos direitos e salários para as trabalhadoras do call center. A fala é aplaudida por elas, mas moderadamente. Acho que pensaram que se tratava de mais um demagogo sindical ou algo assim. Contudo, depois que passamos conversando pessoalmente com elas nos pequenos grupos, alguma coisa parece mudar.

Taís, delegada sindical da Sé e militante do Uma Classe, conversa com as terceirizadas
A próxima fala é bastante aplaudida quando se refere às condições de trabalho dos terceirizados. As trabalhadoras do outro lado da rua começam a ver que aquele evento pode não se tratar apenas de uma paralisação dos bancários que as deixe do lado de fora, mas pode ser uma oportunidade para que, sob a cobertura democrática da greve de uma categoria mais forte e estável, elas possam começar a colocar suas demandas e construir uma unidade. Mas não é apenas nelas que se opera uma mudança: mais uma vez os macacos velhos da burocracia veem que é o momento de relocalizar seu discurso velho e gasto. Como uma ameba fagocitando ao seu redor, os burocratas sentem a ameaça de centenas de trabalhadoras simpatizando com a "seita ultra-esquerdista" e o perigoso potencial desta união, e começam a incorporar no seu discurso a luta pelos direitos dos terceirizados.

O piquete vai se mostrando como uma frente-única com um delicado balanço de forças, na qual existe um constante tensionamento entre as forças políticas que a compõem para disputar seus rumos; nós conseguimos ir empurrando o sindicato à esquerda em seu discurso, mas sem esquecer em nenhum momento que se tratam de agentes da burguesia no movimento operário; nos aproveitamos das brechas: nossa camarada Virgínia é vetada de fazer uma fala pelo Pão e Rosas; Edison pega o microfone para falar e passa para nossa camarada. O burocrata não pode - pelo menos naquele espaço - arrancar o microfone à força de sua mão. Um sorrisinho irônico e um tapinha nas costas de Edison são a sua resposta, como quem diz: "aproveita aqui que você pode fazer isto, e espera até a assembleia pra ver quem que manda". Meu camarada permanece impassível, sem responder nada à provocação. São sutilezas que denotam um abismo entre as concepções de nossa organização e a de outras; a convivência pacífica do PSTU com a burocracia sindical denota isto: tapinhas nas costas de um lado a outro, acordos feitos por cima. Edison se aproveita da correlação de forças favorável que é garantida não por nossa pequena corrente, mas pelas centenas de trabalhadoras do outro lado da rua. É assim que os revolucionários "negociam": apoiando-se na força que os próprios trabalhadores tem para garantir espaços em que se manifestem suas demandas; o PSTU, pelo contrário, conta com a força dos aparatos e negocia o que estes lhe permitem. Por isto é capaz de dirigir oposições tão imensas quanto inofensivas, não só em bancários mas em outras categorias fundamentais como a de professores. Por isto sobem em palanques e carros de som abraçando nossos inimigos de classe, como o Paulinho da Força. Não compreendem que temos, sim, que fazer frentes-únicas com estes burocratas, mas que seu principal objetivo é desmascará-los, e que justamente por isto estas frentes-únicas não podem se formar a partir de acordos "por cima", baseados em quem tem mais ou menos aparatos sindicais, mas devem ser formadas a partir das bases, a partir da força que tem os trabalhadores para impor que os burocratas tenham que "fazer uma pose" mais de esquerda em nome de manter seus cargos.



Era exatamente isto o que acontecia no piquete do Brás: uma correlação de forças inusitada era garantida para nossa pequena agrupação na frente-única graças às centenas de terceirizadas que se aglomeravam na praça; elas garantiam que pudéssemos falar e o que podíamos falar. Edison, por exemplo, não chega em sua fala a expor os podres da burocracia sindical abertamente, mas na verdade o faz em forma de exigência: "Trabalhou em banco, bancário é, diz o lema", ele se apóia aqui nas palavras ao vento do próprio sindicato, "é preciso colocar em prática, e para isto temos que lutar pela efetivação dos terceirizados sem concurso público". Ele não deixa de falar que o sindicato é formado por burocratas parasitas porque está capitulando, mas porque a correlação de forças não permite que o faça, e isto porque as trabalhadoras do outro lado da rua - ao menos em sua maioria - não sabem ainda que o sindicato dos bancários é formado por parasitas; falta-lhes a experiência para que saibam disto. Neste caso, a atuação de um revolucionário é para acelerar esta experiência, mostrando nos fatos que a burocracia não quer efetivamente defender os terceirizados. Dissesse o Edison: "Este sindicato dos bancários é composto por uma burocracia governista e pelega, que não move uma palha sequer para defender efetivamente os interesses dos terceirizados!", esta fala jogaria em favor dos burocratas e serviria para não mais do que o consumo próprio da consciência de seu falante, que poderia se consolar dizendo "puxa, como sou de esquerda!". As trabalhadoras não iriam achar o sindicato mais pelego por causa disso, mesmo porque em seguida os burocratas fariam falas inflamadas em defesa de seus direitos (como de fato o fizeram) e a maioria das trabalhadoras pensaria: "nossa, aquele cara que falou antes era meio louco, né?" E seria muito mais fácil para o sindicato simplesmente não dar mais o microfone para o Edison, porque as trabalhadoras se sentiriam bem pouco propensas a defender seu direito de falar.

Quando Edison se apóia no lema do próprio sindicato e, se possível, nas palavras dos próprios burocratas, e aponta que para ser consequente com isto o sindicato deve defender a efetivação, então ele coloca os burocratas contra a parede: eles podem defender a efetivação no microfone, e isto é uma nova arma para exigir deles a prática e denunciá-la se não for feita; ou eles podem manter suas palavras ao vento sem a efetivação, e aí torna-se mais fácil mostrar para os trabalhadores que são palavras ao vento. E quem disciplina o sindicato é a unidade entre as trabalhadoras terceirizadas do outro lado da rua, e a expressão consciente de suas demandas através de um programa, feita nas falas de Edison, Taís, Virgínia e outros camaradas que, neste caso, estão em uma situação em que o sindicato dificilmente poderá chamá-los de "seita ultra-esquerdista", mas, pelo contrário, tem é que assimilar muito de seu discurso para ficar "bem na fita" com as centenas de trabalhadoras do outro lado da rua.

E é por isto mesmo que chegam ao ponto, em outra circunstância impensável, de abrir o microfone para que uma das próprias trabalhadoras se manifeste. E que manifestação! Quando a trabalhadora toma o microfone em suas mãos, palavras há muito guardadas para serem ditas aos quatro ventos saem com uma fluência extraordinária. As condições de trabalho absurdas a que são submetidas estas mulheres subitamente se espalham pelos quatro cantos da praça através da caixa de som do sindicato. As mulheres do call center, acostumadas a terem sua voz calada e seus direitos esmagados sob o peso da patronal, vibravam ao ouvir seu suplício diário ecoar na voz da sua companheira. Os burocratas do sindicato, calados, acompanhavam as trabalhadoras para não serem atropelados por elas...



Depois, o gerente do call center aparece na porta de entrada das trabalhadoras (sim, até uma porta diferente de entrada elas têm!) e tenta avaliar a "razoabilidade" dos grevistas: "Olha, eu tenho uma empresa que presta serviço aí e as trabalhadoras precisam entrar". "Então, não vai dar, estamos em greve." respondemos tranquilamente. "Sim, mas a greve é dos bancários, elas são de outra empresa." Edison dá uma de "joão-sem-braço" e explica ao senhor gerente o be-á-bá do seu trabalho de explorador, deixando didaticamente claro que se o fulano ajoelhasse e implorasse não faria a menor diferença: "Só que esta coisa de ter outra empresa é o que o banco faz pra dividir e enfraquecer a nossa luta, então não vai poder entrar." O gerente entendeu o recado, e sem nenhuma sombra de diplomacia dá às costas aos seus inimigos e vai procurar outros meios de resolver os problemas. Afinal, ele não se tornou gerente por insistir em métodos ineficazes de resolução dos problemas.

Gerente do call center tenta usar seu telefone para fazer um milagre e explorar as trabalhadoras mesmo com o prédio fechado...ele não conseguiu, tadinho, e teve que dispensar elas.
Assim, o dia transcorre, e os burocratas do sindicato, tomado de uma incrível consciência de classe, cercam as terceirizadas de solidariedade, de atenção, como se desde sempre tivessem se importado com seus problemas. Vejo-os anotando seus problemas, garantindo assistência... sinto-me na necessidade de alertá-las sobre o que há de fundo em "tanta amizade". Contudo, a conversa que tenho com as que conheci mostra que elas já estão é bem calejadas com a burocracia. Falam de experiências com seu próprio sindicato e quando explico porque está tendo piquete ali, por causa da pressão do Avante Bancários, ela dizem: "É, dá pra ver mesmo porque nenhum outro dia de greve teve piquete aqui." Me perguntam se no dia seguinte o piquete vai continuar e, por mais que eu queira dizer que sim, nossas forças ainda não podem garantir isto. Continuaremos no piquete rotativo, pelo menos por enquanto...

Sindicato dá lanche para as trabalhadoras terceirizadas que ficaram por ali, como parte da "súbita consciência de classe" dos burocratas da CUT.
Quando estamos ali em frente ao prédio, de repente recebemos um bilhete jogado pela janela: é um pedido de socorro. Em algum momento que não se sabe onde, e por alguma porta que não se sabe qual, os patrões conseguiram colocar as trabalhadoras terceirizadas da Brasanitas, empresa de limpeza e manutenção que atua no prédio, para dentro. E, claro, exercendo seu direito de patrão não iriam deixá-las ir embora pelo mero fato que que todo o prédio estava fechado e não havia mais ninguém lá dentro, tornando o trabalho delas absolutamente dispensável. Ora, se o patrão pagou, ele quer o trabalho feito, mesmo que não haja trabalho para fazer! Infelizmente, não tínhamos como resgatar os poucos trabalhadores que lá dentro eram obrigados a cumprir seu turno... eles saíram apenas algumas horas depois.

Bilhete dos trabalhadores da Brasanitas que foram forçados a permanecer dentro do prédio pela patronal
No turno da tarde, o mesmo se repete. Centenas de trabalhadoras se juntam, a gerente se descabela tentando fazer todo mundo entrar, e no fim são todas dispensadas. Eu, neste momento, acompanho tudo por informes, porque estou na entrada lateral, onde não acontece muita coisa fora uma ou outra pessoa que tenta entrar de carro e é dispensada por nós. Converso com companheiros sobre a greve, sobre a revolução russa, sobre o movimento estudantil e vejo o dia passar no nosso posto de guarda.

Turno da tarde do call center se junta em frente ao prédio.
No fim da tarde vamos embora. Como no piquete da Sete, este não foi mais um mero dia de paralisação de um prédio. Para além dos milhões em prejuízo que demos ao banco, algo mais importante aconteceu ali: uma aliança pequena, pontual, entre estudantes, trabalhadores efetivos e terceirizados; uma aliança entre revolucionários e trabalhadores precarizados; uma aliança que, em seu pequeno momento, disciplinou uma poderosa burocracia no controle de um imenso aparato, a defender os interesses dos terceirizados para não perder o bonde. É pequena, mas é um exemplo. Um exemplo de que quando colocamos o marxismo em prática, na luta de classes, com uma atuação e uma estratégia para vencer, mesmo um grupo tão pequeno que é abertamente chamado de "seita ultra-esquerdista" pode fazer a diferença. E, sem dúvida, esta pequena diferença foi só o começo. E uma boa parte das trabalhadoras que ali estiveram mudaram sua cabeça e irão por mais. Nós estaremos ao seu lado, ombro a ombro, em cada pequeno combate, construindo a ferramenta que vai poder levar esta luta à vitória: o partido revolucionário.

Juventude às Ruas guardando a porta lateral do prédio da Caixa.

sexta-feira, setembro 20, 2013

Uma greve, uma reação



Sete horas da manhã na porta da Agência Sete de Abril, no centro de São Paulo. Primeiro dia de greve dos bancários em todo o país, uma chuva cobre a cidade desde a madrugada, e minha casa amanheceu sem luz. Em uma manhã tão boa para ficar embaixo dos cobertores, eu e mais alguns camaradas da Juventude às Ruas da USP e Metroviários pela Base fomos apoiar os trabalhadores da Sete, que desde 2011 passaram a combater a passividade construída por décadas de uma direção sindical parasitária e acomodada, que está lado a lado com o governo que há mais de dez anos garante lucros recordes para os banqueiros brasileiros.

A burocracia sindical da CUT está há décadas encastelada no sindicato graças à estrutura sindical que existe no Brasil desde a época de Getúlio Vargas e suas reformas sindicais que atrelaram os sindicatos ao Estado, e também aos parasitas que hegemonizaram o PT, transformando um dos maiores partidos de trabalhadores criado no país em um mero aplicador das políticas da burguesia. Parasitas bem remunerados, que há anos não trabalham e vivem do imposto sindical e de fazer acordos com a patronal, fazendo de tudo para impedir a organização política independente dos bancários. Suas greves de calendário são uma triste rotina do movimento sindical brasileiro. Nelas, o sindicato contrata funcionários para fazer sua "greve terceirizada": eles passam nas agências, colam adesivos de greve e faixas, às vezes colocam um "piqueteiro terceirizado" para ficar na frente da agência por 50 reais! E só para ilustrar a seriedade com a qual estes dirigentes encaram a mobilização dos bancários, por uma "coincidência" incrível a APCEF (Associação de Pessoal da Caixa Econômica Federal) está fazendo uma "promoção relâmpago" das suas colônias de férias na semana em que se inicia a greve!!! Por isto, quando dizemos que é uma passividade construída, não estamos dizendo à toa: o interesse material dos parasitas do sindicato é que os trabalhadores continuem reféns de suas negociações com a patronal sem nenhuma interferência da base, e colocarão todos os seus recursos a serviço de atingir este fim. Mais uma mostra disso é a "democracia" que garantem nas assembleias dos bancários, contratando bate-paus para impedirem os trabalhadores de falarem e, quando a correlação de forças não permite que impeçam a oposição de se manifestar, eles colocam seus "funcionários" para vaiar, como na assembleia do dia 12/09.

A Sete de Abril quer ser tudo o que a burocracia petista não quer: uma agência que se organize desde a base para colocar os trabalhadores como sujeitos de sua greve; uma agência que faça de seus bancários verdadeiros tribunos do povo, lutando contra a precarização do atendimento aos clientes e unificando a luta salarial pela luta política contra os banqueiros seus governos que defendem seus lucros a ferro e fogo; uma agência em que os efetivos lutem pela unificação com os terceirizados, por sua efetivação e contra a super-exploração dos trabalhadores das lotéricas que tem que cumprir função de bancários por um terço dos salários; uma agência que combata a burocracia sindical e a polícia, resgatando os métodos históricos de luta dos trabalhadores; uma agência, enfim, que ultrapasse as greves fajutas das data-base e alce a luta pontual dos bancários a um verdadeiro embate entre classes: bancários e clientes contra banqueiros e governos. Foi com esta moral e este método que paramos a sétima agência mais lucrativa da Caixa em todo o país, para desgosto dos capitalistas, dos burocratas, dos policiais, dos reacionários.

É por isso que participar do Piquete da Sete é uma experiência tão recompensadora e desafiadora. E não tardou para que a combatividade dos trabalhadores da Sete e do Avante Bancários provocasse a reação dos que veem na luta dos trabalhadores uma ameaça. Aproxima-se do piquete uma senhora, que manifesta seu desejo de entrar. Nós, como fizemos em todos os casos anteriores, explicamos que a agência está fechada, e ainda indicamos que na da República está funcionando o auto-atendimento. Quase todos que passaram por lá agradeceram a informação e andaram um quarteirão para utilizar a outra agência (entupindo os fura-greves de trabalho extra). Mas não esta senhora. Para ela, é uma questão de princípios, de direito, de dignidade. Se as máquinas estão ligadas, ela tem o direito de entrar. Nós explicamos, calma e pacientemente, que não: os funcionários estão em greve. Mas é o caixa-automático, explica ela. Mas ele é operado por pessoas, explicamos nós.

O diálogo chegou ao seu limite, ela não vai arredar pé de seu "direito", e anuncia que respeita o direito de greve dos trabalhadores e que eles devem respeitar o dela. Como ela própria afirmou posteriormente, sua posição cabe no chavão: o meu direito acaba onde começa o direito do outro. É assim que a burguesia liberal cunhou sua noção de liberdade, pois os direitos dos trabalhadores de uma vida digna acabam onde começa o direito à propriedade privada. Para os comunistas é o inverso: o meu direito começa onde começa a liberdade e o direito do outro. A liberdade entre os indivíduos não é fruto de uma competição, mas de uma cooperação, onde a sua liberdade me torna mais livre e vice-versa. Um pensamento tão simples e verdadeiro, que contudo nunca caberia na cabeça daquela mulher, moldada por um mundo com muitos direitos para poucos e poucos direitos para muitos.

Ela pega seu telefone. Adivinhando sua intenção, eu lhe informo: "tem uma viatura ali do outro lado da rua". É exatamente para lá que ela vai. Nos divertimos vendo a cara de desgosto do policial que tem sua ociosidade interrompida pela mulher que se recusa a andar mais um quarteirão para usar o caixa eletrônico (é uma questão de direitos!). Depois de um tempo e muita encheção de saco, ela convence o policial a "servir e proteger"...o direito de afrontar uma greve. Chegam mais viaturas, os policiais se aproximam, pedem pelo líder. Nosso camarada Edison, militante da LER-QI e do Uma Classe, delegado sindical da Sete, se apresenta.


Ouvimos a boa e velha ladainha que todos os coxinhas devem aprender no seu manual de adestramento de cães de guarda: a greve é um direito que ele não contesta; mas ele está lá para fazer cumprir a lei, e a mulher tem o direito de entrar. Ele, inclusive, também garante o direito dos bancários fazerem greve (será que ele realmente espera que alguém acredite nisso?). Escolhemos um argumento bastante simples e compreensível: não adianta ela usar o caixa, os operadores deles não vão trabalhar. O policial retruca: "Mas o caixa é automático". Sim, mas alguém opera ele! "Ah, você quer dizer que quando alguém pede dinheiro fica uma pessoa ali pra dar o dinheiro?" Provavelmente o policial, em toda a exuberância do funcionamento de seu cérebro de assassino fardado, imaginava um homem - talvez um anão - dentro da máquina enfiando cédulas. O coitado não consegue imaginar a diferença entre "automático" e "mágico"; não entende que a máquina não fabrica dinheiro, não processa os depósitos, e não prescinde do trabalho de um ser humano que a opere. Este argumento custou a entrar em sua cabeça. Minha vontade - evidentemente e infelizmente não realizada - foi de lhe dizer: "bom, chamam sua pistola de automática, mas mesmo assim precisam de um imbecil como você operando ela para que possa matar. É a mesma coisa com o caixa: ele chama automático mas são pessoas que operam ele. A diferença é que ele não mata e é operado por trabalhadores, não por assassinos". Acho que seria didático e ele entenderia na hora, mas me custaria mais problemas do que tentar fazê-lo entender por outras formas mais sutis.

Por trás desta pequena "ingenuidade" do soldado servidor da lei está, no entanto, algo muito mais significativo do que a sua mesquinha estupidez: está o processo ideológico que desde sempre se utilizou para esconder a verdade elementar de que a produção de tudo o que existe depende exclusivamente do trabalho de mulheres e homens explorados cotidianamente. Começa com o fetiche da mercadoria, em que o trabalho humano aplicado na produção de todas as coisas está distante de nossos olhos e de nossa mente: as coisas parecem surgir como um passe de mágica (como o dinheiro no caixa-eletrônico!); nos últimos trinta anos, o discurso permanece o mesmo mas ganha nova roupagem: as máquinas fazem tudo, não há mais trabalhadores. Procura-se dizer que a classe trabalhadora não existe mais. A academia vomita este senso comum burguês como uma verdade inabalável. A polícia o mastiga de forma rudimentar no piquete da Sete, enquanto ameaça levar todo mundo pra delegacia. Mas quando os trabalhadores decidem se organizar e passam a confiar nas suas próprias forças, já não é mais tão fácil convencê-los de que eles não podem. Eles descobrem que podem muito mais do que sempre lhes disseram.

Em meio ao discurso da mulher, que agora se revelou uma advogada (tá explicada a fixação pelos "direitos"!), repassa seus argumentos. Exclama, entusiasmada: "vocês não sabem a força que têm, deveriam estar em outro lugar." Mas acho que quem não sabia a força do piquete da sete era ela... "Eu nem discuto o direito de greve de vocês, mas tem que respeitar o meu direito. Se o caixa está ligado, eu tenho direito de usar". Ou seja: respeito o direito de greve, contanto que ele não paralise a produção; em outras palavras, respeito seu direito contanto que ele não sirva para nada. Ela não discutiu mesmo o direito de greve: para fazer isto ela contou com a polícia; eles teriam argumentos mais persuasivos...

Mas o verdadeiro conteúdo social de sua revolta se expressou mesmo na seguinte colocação: "Se estivesse fechado o banco, aí seria outra coisa. Mas vocês que estão impedindo a passagem!" Ah! Agora eu entendi! Se fosse a patronal fechando o banco e impedindo os clientes de usar o serviço, não tem problema. O problema mesmo é que os trabalhadores estavam se organizando para parar o banco; o problema mesmo é que os trabalhadores tiveram a petulância de afirmar que são eles os produtores, e por isto podem controlar a produção. Por isto ela não podia andar um quarteirão a mais para usar o caixa eletrônico! Porque a realidade é que é uma questão de classe, e não de quarteirões ou "direitos" em abstrato. Com sua licença, chamo aqui o camarada Lenin e um trecho de seu texto "Sobre as Greves" para explicar melhor:

"Mas as greves, por emanarem da própria natureza da sociedade capitalista, significam o começo da luta da classe operária contra esta estrutura da sociedade. Quando operários despojados que agem individualmente enfrentam os potentados capitalistas, isso equivale à completa escravização dos operários. Quando, porém, estes operários desapossados se unem, a coisa muda. Não há riquezas que os capitalistas possam aproveitar se estes não encontram operários dispostos a trabalhar com os instrumentos e materiais dos capitalistas e a produzir novas riquezas. Quando os operários enfrentam sozinhos os patrões continuam sendo verdadeiros escravos, que trabalham eternamente para um estranho, por um pedaço de pão, como assalariados eternamente submissos e silenciosos. Mas quando os operários levantam juntos suas reivindicações e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam então de ser escravos, convertem-se em homens e começam a exigir que seu trabalho não sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas. Os escravos começam a apresentar a reivindicação de se transformar em donos: trabalhar e viver não como queiram os latifundiários e capitalistas, mas como queiram os próprios trabalhadores. As greves infundem sempre tal espanto aos capitalistas porque começam a fazer vacilar seu domínio. “Todas as rodas detêm-se, se assim o quer teu braço vigoroso”, diz sobre a classe operária uma canção dos operários alemães. Com efeito, as fábricas, as propriedades dos latifundiários, as máquinas, as ferrovias, etc, etc, são, por assim dizer, rodas de uma enorme engrenagem: esta engrenagem fornece diferentes produtos, transforma-os, distribui-os onde necessário. Toda esta engrenagem é movida pelo operário, que cultiva a terra, extrai o mineral, elabora as mercadorias nas fábricas, constrói casas, oficinas e ferrovias. Quando os operários se negam a trabalhar, todo esse mecanismo ameaça paralisar-se. Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos não são eles, e sim os operários, que proclamam seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós."
E é por isso que o pequenino exemplo do Piquete da Sete tem que ser combatido tão decididamente, e logo eram quatro a cinco viaturas em cima de nós. Tomam o RG de Edison bem como o meu, pedido pelo coxa porque eu estava filmando ele "sem autorização". Ameaças, intimidações: "Quantos são? Ah, quatro viaturas dá pra levar todo mundo." Os bancários da Sete conseguem convencer a gerente geral a trancar a porta da agência, e nós liberamos a entrada para que a mulher passe. Triunfalmente, a advogada avança rumo à porta e aperta o botão para abrí-la: nada acontece. "Não é justo! Vocês pediram para eles trancarem!" Pobre reacionária...vai para casa com uma lição: a unidade dos trabalhadores tem força política concreta, que nem sempre a força das armas pode derrotar. A verdade é que a gerente da agência foi obrigada a fechar a porta porque dependia dos trabalhadores para tudo, e não lhe restava opção neste caso a não ser ceder. Não só é justo, como é necessário que os trabalhadores imponham sua força sobre quem os explora.

Mas não acaba por aí. Era uma questão de direitos, e por isso a advogada irá levar sua cruzada anti-greve até o fim: exige dos policiais que levem o delegado sindical para a delegacia para prestar esclarecimentos. Isto nos é informado, justamente quando Edison fazia uma fala no microfone aberto que nos acompanhou no piquete. A denúncia é imediata (em breve postaremos vídeos das falas) sobre a tentativa de cercear o direito de greve, e no microfone ela toma a Sete de Abril e intriga os passantes, que a esta altura se perguntavam o que era a confusão. Não é difícil para nenhum trabalhador honesto entender, e não foi difícil para Edison explicar aos que passavam ali no horário de almoço, que a greve dos bancários - se consegue passar por cima da burocracia sindical, da polícia e dos patrões - só pode beneficiar o conjunto da população pobre e dos trabalhadores. A denúncia da tentativa de prisão teve repercussão imediata, e o tenente-qualquer-coisa imediatamente aborda outro camarada nosso: "Não! Veja bem, não se trata de desrespeitar o direito de greve". Bom, é isso que está parecendo... Rapidamente os policiais retrocederam, entregaram contrariados nossos documentos e ouviram calados as denúncias do ataque ao direito de greve, à violência policial contra o povo negro muito bem colocada pela Marcela... Eles também aprenderam uma lição sobre correlação de forças...

Hoje, a greve e o Piquete da Sete deixam uma conquista que vai muito além de um dia de caixa eletrônico fechado; este dia é uma vitória moral destes trabalhadores e da juventude que esteve ao seu lado, saímos do piquete com disposição redobrada de continuar nos organizando a partir de cada local de trabalho e estudo, de transformar nossos pequenos triunfos em grandes exemplos, de lutar contra a polícia, os patrões, os governos e a burocracia sindical!

Todo apoio à greve dos bancários!

Pelo salário mínimo do DIEESE (cerca de R$ 2.700)!

Contratação imediata de funcionários para acabar com as incontáveis doenças causadas nos bancários pela superexploração e acabar com as intermináveis filas que enfrentam os trabalhadores nas agências!

Fim da terceirização nas agências e nas casas lotéricas, onde os trabalhadores são forçados a fazer o mesmo trabalho por um terço do salário! Efetivação de todos os terceirizados sem concurso!

Pelo fim do lucro dos banqueiros à custa de nosso suor! Estatização dos bancos sob controle dos trabalhadores! Crédito barato para todos os trabalhadores e o povo pobre! Fim das taxas absurdas!

Pelo direito de greve! Não à repressão da polícia aos piquetes! Fora burocracia dos sindicatos!