segunda-feira, dezembro 08, 2008

Reformas

Blog em fase de modificações.
Acho que vou ter que retornar aos tempos da máquina de escrever. O Word não aceita minha tentativa de escrever várias palavras juntas sem espaço. Tentei em três computadores diferentes, e ele SEMPRE dá pau. Vou ver se o BrOffice é menos cretino. Como pode um programa que é desenvolvido há tanto tempo por uma megacorporação multimilionária ser tão absolutamente tosco?

quarta-feira, novembro 05, 2008

A minha vida vai bem sim.
E sinto que, aos trancos e barrancos, estou conseguindo apontá-la na direção que eu quero.
Mas queria ver este pessoal que pouco vejo por aí.

segunda-feira, outubro 13, 2008

Passei por aqui só pra falar bobagens, ando sufocado pelo dia-a-dia (e quem não anda?)
Estou com medo de não conseguir saber me motivar para nada corretamente. Eu acho que até poderia ser uma pessoa melhor, apesar de incontáveis erros e besteiras, se tivesse o mínimo de determinação para as coisas. Pela primeira vez estou me convencendo de verdade de que tenho um desvio depressivo patológico. Quando permaneço um período de tempo, ainda que curto, sem tomar remédios, sinto-me pior. Mas sinto-me pior do que me sentia antes de tomá-los. E me assombra a dúvida: será que me sinto pior mesmo, ou que nunca havia percebido como me sentia mal? As dores de cabeça voltaram (as literais, pois as outras nunca me abandonaram).
Desculpem-me os poucos leitores destas linhas bestas. Andei reparando que quase não há tradução de Maiakóvski para o português. Será que eu deveria me arriscar nestes caminhos? O mundo é tão vasto, e eu, tão pequeno.
Afinal, onde estão meus laços? E como estão vocês?

sexta-feira, setembro 19, 2008

Mas, afinal, o que é um amigo?
Creio que o último período da minha vida me leva inevitavelmente a ter que rever os paramêtros que me belizam aí neste âmbito. Aceito sugestões e comentários.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Transformar nossas vidas em uma parte de um coletivo não é tarefa fácil. Nossas rotinas e a inescapável missão de sobreviver neste mundo nos forçam constantemente a segmentarmos completamente tudo aquilo a que aspiramos e tudo o que produzimos. Mergulhamos em nossos empregos, em nossos estudos, em nossos relacionamentos (por si só já fracionados e determinados, com hora certa para serem vividos), em nossos medos e nossas esperanças.
Começo a perceber drasticamente que este sentimento que nos é imposto a cada momento que é o que mais me assusta e desanima, mais consegue me vencer nesta luta cotidiana. O medo de uma solidão que é muito maior do que simplesmente estar sozinho. É o medo de uma solidão existencial, uma solidão de viver uma vida que não converge para nada, exceto para a inevitável percepção de como podemos ser vazios se estamos isolados. É exatamente assim que, creio eu, surge aquela terrível solidão em meio à multidão. A falta de nos percebermos como parte de um mundo e a crença tola de que somos excepcionalmente singulares e aboslutamente incompreensíveis para aqueles que nos vêem pelo "lado de fora".
Para mim esta solidão, e é preciso convencer-me disto a cada dia, é o fruto da ideologia em que estamos imersos. E é uma evolução natural, cunhada em séculos de nossa cultura. Provavelmente o grosso de seu germe é aquilo que descende do Romantismo, das idéias de gênio solitário, da expressão da subjetividade e, enfim, de toda esta concepção artística que deriva diretamente da consolidação da burguesia como classe dominante. E assim, isolados, vivemos nossas vidas.
Apeguei-me, durante todo o tempo, àquilo que meu desespero me conduziu na tentativa de escapar desta sensação de isolamento completo. Amigos, namoradas, família. Sentir-me próximo de pessoas. E agora percebo o quanto também destes refúgios é tragado cada dia mais pela simples rotina, que teima por jogar-nos em projetos de vida individuais, voltados para sabe-se lá o que. Estes refúgios são necessários, mas nunca serão suficientes se não olharmos mais adiante.
Superar a solidão individualista é algo que não se faz sozinho, e muito menos pode ser um processo completo dentro de nosso mundo. Mas sem dúvida faz parte de uma tarefa tão cotidiana quanto fundamental. Acreditar na revolução não me basta. E hoje, para mim, a tarefa de transformar minhas crenças em dia-a-dia está intimamente associada a romper a barreira da solidão. A crise de subjetividade que nos assola somente será rompida no momento em que conseguirmos também transformar nosso cotidiano com o estabelecimento sólido de vínculos de solidariedade com aqueles que o mundo teima em afastar de nós.
Tudo isto é fruto de uma prisão e uma mentira, que temos que destruir. Quanto àqueles que deveriam estar ao meu lado mas querem me enxergar como um inimigo, posso apenas espera-los de mão aberta, até o momento em que percebam que o nosso inimigo é comum, e que para vencê-lo é necessário que ataquemos juntos.

domingo, agosto 31, 2008

Sete e sete são catorze
com mais sete, vinte e um,
tenho sete namorados
e não gosto de nenhum.

Ciranda, cirandinha,
vamos todos cirandar,
vamos dar a meia volta,
volta e meia vamos dar.

O anel que tu me destes era vidro e se quebrou,
o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou.

Como pode um peixe vivo viver fora d'água fria?
Como pode um peixe vivo viver fora d'água fria?

Como poderei viver? Como poderei viver?
Sem a tua
sem a tua
sem a tua companhia?

Sem a tua
sem a tua
sem a tua companhia?

Somente a solidão nos une.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Deixo plantada aqui umas saudades.
Mas nunca se sabe se a terra será fértil e se a intenção frutificará.
Deve ser triste e solitário ser uma semente não germinada afundada na terra úmida e escura.
A possibilidade de vida lhe fugiu pelos cantos.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Há algo que nunca se encaixa.
E eu fico pensando como será possível um dia as pessoas se entenderem.
Às vezes eu acho que o problema é comigo, sou eu.
Mas quando eu consigo olhar pro mundo eu vejo que não sou só eu.
Eu queria poder olhar nos olhos de todos e saber sentir seus sorrisos e suas lágrimas. Eu queria que as palavras fossem o coroamento de uma relação de compreensão e afeto, e não as armas que levantamos para lutar contra os outros.
Eu queria que os abraços, os sentimentos e as lições que aprendemos não fossem tão efêmeros.
Eu queria que a vida fosse uma experiência verdadeiramente coletiva. Mas eu me aparto destes sonhos com uma lúcida tristeza.
Me perdoem.

domingo, fevereiro 17, 2008

Ontem eu redescobri uma coisa que já achava que tinha perdido para sempre. E lágrimas me encheram os olhos.
Nunca imaginei que Dostoiévski poderia me ajudar desta forma novamente.
Ainda há, quem sabe, esperança contra a banalidade da vida. Pelo menos alguma...

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Dizem, e as palavras passeiam rápido através da superfície das línguas ferinas que se alimentam do chorume das tristezas alheias, que as crônicas de uma triste peregrinação nunca estão completas até que a primeira gota de sangue toque o solo. Antes disto, tudo é um prelúdio, uma elaborada dança de corpos e mentes que, como um antigo ritual sagrado demais para que sobre ele se fale, encena-se num sombrio jogo de adivinhações. As facas quentes das palavras e gestos colocam suas lâminas em brasa na fogueira dos desejos. Os olhares, os toques, as lembranças. É tudo alimento, tudo é água no deserto da solidão.
Sentado num sofá, o corpo poeirento de milênios de espera, a alma amortecida de tanto pensar, o espírito calejado de tanto doer. A ânsia secreta por um projeto de vida, por um sonho de abrir, com a envergadura de quem não tem mais coragem de temer a vida inteira, as longas asas em direção ao mistério.
E se jogar. Sim!
Num último ato de desespero e esperança; em direção ao sol, em direção ao solo, em direção ao sonho. E sentir as batidas tribais de um coração estúpido e o vento lambendo as lágrimas, descolando-as dos olhos, lavando o pó dos anos, enquanto se aguarda o resultado daquelas asas estendidas. Em um golpe de sorte tudo se decide: ou se voa rumo ao longe, ou se fica rumo ao chão.
O impacto teria a dor surda de um fim sem homenagens, sem elegias. Nem ao menos uma voz rouca para cantar as vergonhas de uma alma que se despede sem vitórias.
O vôo teria o medo do novo. E os caminhos infinitos que se abrem numa jornada, cada passo é uma porta aberta no fio da navalha.
Viver é feito de desafiar a si mesmo.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Foi aí. Abrupto, aquele ódio irracional estancou numa engolida em seco, com gosto de cigarros e uma bebedeira de cerveja, que já começava a se transformar em ressaca na boca azeda e na mente empapuçada. Olhos estáticos, corpo imóvel. A mente se calou por dentro, ficou sentindo os reflexos lentos do corpo. O peito chiava arfante numa respiração difícil. O coração tamborilava sacudindo todas as veias, sentia-o retumbando no ouvido e latejando nas mãos. Foi invadido pela consciência da manhã que despertava, com seu frio manso e um galo que esganiçava em uma qualquer vizinhança. Sentiu então, como se fossem de outro, as gotas de sangue que lhe escorriam pelo braço. E a pontada de dor na mão cortada veio como um pungente aviso de que estava vivo, e que parecia que não podia fazer nada contra isto. Não podia fazer mais nada contra o dia que vinha em ondas fortes, destruindo o que encontrava por sua frente. E seu cérebro, alagado por aquele regurgitar salgado e incessante, agitou-se furioso mais uma vez, tentando entender alguma coisa. Desesperadamente qualquer coisa.
No chão, as gotas vermelhas pingavam formando pequeninos círculos no piso branco. Aqui e ali jaziam os cacos mortos do copo de requeijão, únicas testemunhas e cadáveres esmiuçados do cúmplice que transportara em longos goles a cerveja para dentro da boca, do esôfago, do estômago ulcerado, da mente confusa, cansada, sedenta.
Não adiantara.
Sentou-se maquinalmente, olhos vidrados, na cadeira ali ao lado. As primeiras lágrimas desta nova leva saíram ardidas dos olhos, acompanhando o flexionar pesado das pernas. A mão caiu sobre os joelhos espalhando manchas rubras pelo tecido cor de creme. Começaram aos poucos a vir as imagens da briga em soluços arrependidos de memória. Gritou, lembrava, mas não sabia dizer o quê. Provavelmente balbucios desconexos que naquele momento pareciam botar pra fora todo o medo que guardava a cada segundo e minutos dos dias pretensamente felizes. Seu ódio era uma colcha de retalhos daquelas pequenas provocações que se acumulavam, misturado com os sorrisinhos que lhe foram vendidos a tão alto preço. Sentiu a vida como um grilhão e desmaiou no sofá. Precisava de sonhos.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Outro dia voltava para casa a pé às seis da manhã e tinha comigo mesmo uma das mais furiosas discussões que já tive.
Um lado me acusava de ingênuo, volúvel, falso, leviano, inconsequente, anarquista imbecil pequeno burguês.
O outro me acusava de conservador de direita retrógrado, conformista, apático, desiludido, machista.
Uma hora, quando passando em frente à Igreja dos Mormons, vi uma cara assustada de um hdei por mim mesmoomem que cruzava comigo. Eu era um sujeito com cara de maluco, roupas amassadas, olheira de maquiagem, cara de bêbado, rindo e chorando ao mesmo tempo e falando alto comigo mesmo o seguinte: "Vocâ tá louco? Você tá louco?"