domingo, setembro 21, 2014
Mulher incrível
Uma mulher incrível entrou na minha vida
não me pediu licença
nem eu a ela.
(mas é mentira: eu acredito nela).
Olho ali do canto
tímido
- como sempre...
tento sem querer,
tropeço,
tento de novo.
leio,
acaricio esses pensamentos confusos
ou são os meus?
31 anos: momento de um desfecho.
o que se encerra em tão tenra idade?
Ou será que é um início,
e nós nem vimos?
Sim eu vi. Já havia visto. Sempre a vi, e a conheci ali
na margem oculta do desejo.
31 anos e a vida em um momento de clivagem.
Começo e fim.
Não parta, não. entre,sente,fique.
Te sirvo chá
com bolachas,
meu coração,
30 anos e a vontade
do mundo.
Toma as palavras dela
que as minhas, com todo esse desejo,
não dizem mais que bobagens.
Onze horas
Hoje comprei um bloco novo.
Pensei: a você o bloco, a você meu oco.
Ao lápis a mão e os pensamentos em coro
Me sugeriam rimas e sons mortos.
Para, coisa. Se oculta, rosto.
Cessa estes ecos porcos,
Esta imundície coxa, este braço torto
Reabre o tapume verde do poço,
Salta dentro, ao negrume tosco
E se nada resta afoga-se no lodo
Para que sobre o resto do nada, o sono.
(Sussurro.) Euvocê.
- Ana Cristina César, maio de 1968.
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