sábado, março 27, 2004

Desde que eu comecei a escrever redações para vestibulares, há milhões e milhões de anos atrás, eu procurei aprender o que o corretor queria que eu escrevesse, pois obviamente era bem diferente do que eu gostaria de escrever.
Quando eu achei que tinha aprendido as coisas funcionavam mais ou menos assim:
1- Todas as minhas redações tinham exatamente a mesma estrutura: um parágrafo de introdução, um de desenvolvimento, e um de conclusão.

2- Todos os meus professores diziam sempre: não use os clichês de sempre, os corretores não gostam. Depois de um tempo eu consegui entender o que isto queria dizer: use os mesmo clichês de sempre, de um modo que não pareça que você está usando-os.

3-Dê os argumentos mais óbvios e evidentes, justificando bem direitinho suas opiniões.

4- Não dê suas opiniões, caso você tenha alguma opinião que não seja absolutamente superficial e que pode ser plenamente explicada em trinta linhas. Escolha um ponto de vista simples e defenda-o claramente. Use argumentos claros e óbvios. Como um jornalista faria.

5- NUNCA use recursos estilísticos ousados e não tente fazer alguma coisa que não poderia ser encontrada na Veja ou na Folha de São Paulo.

6- Nunca ultrapasse os espaços, use uma letra legível, use a pontuação como uma pessoa normal e que sabe escrever, lembre-se sempre de colocar o título, não erre a ortografia.

7- Nada de títulos muito inventivos. Que ele faça uma clara referência ao seu texto e, se for um joguinho de palavras "esperto", melhor.

Se você seguir mais ou menos todos estes mandamentos do escritor otário, é bem provável que você não tire menos de oito na redação.
Eram estas as minhas pretensões quando me defrontava com redações em vestibular, e foi esta minha pretenção quando me deparei com um tema absurdamente difícil para uma exposição em trinta linhas no vestibular deste ano. Joguei minhas baboseiras lá e pronto.
Eis que um tempo depois eu recebo uma carta da fuvest e blá, blá, blá. Minha teoria para o sucesso do escritor bobão está confirmada, e minha redação destaca-se entre as 50 "melhores" da fuvest.
Se você quiser aprender a escrever como um corretor e uma professora gostam, vai lá no www.fuvest.br e confere a minha, é o exemplo 21.
Além disto, pode-se concluir que as pessoas que prestam vestibular não desenvolveram satisfatoriamente a habilidade de enrolar corretores, porque minha redação é um verdadeiro lixo, mesmo para os meus padrões de redação de vestibular.
Ironicamente, é a primeira vez que algo que eu escrevi recebe algum reconhecimento de uma comissão julgadora, e é justamente algo que eu acho extremamente medíocre. Talvez eu esteja predestinado a ser brilhantemente medíocre. Talvez devesse viver disto e escrever o que eu gosto paralelamente.

Mudando de assunto, a diversão do fim de semana é:
Simpósio sobre suicídio :-)

quinta-feira, março 25, 2004

Eu sou uma doença auto-imune.
A cada dia produzindo anticorpos contra tudo aquilo que constrói minha vida.
Destruindo o que me cria, eliminando o que me sustenta.
Meus pensamentos são macrófagos que fagocitam minha esperança, minhas vontades, meus acertos. Lenta e iompiedosamente lisando a fina parede que os mantém integros.
Enzimas que corroem meus tecidos mentais.
Minha vida desfazendo-se em massa amorfa, inevitavelmente, a cada dia.
Minha vida metamorfoseando-se em arrastada angustia, que se prolonga e se alastra em um dolorido desejo da morte que não virá.
A agonia da destruição causada por mim.


Everybody Hurts

When the day is long and the night, the night is yours alone,
When you're sure you've had enough of this life, well hang on
Don't let yourself go, 'cause everybody cries and everybody hurts sometimes

Sometimes everything is wrong. Now it's time to sing along
When your day is night alone, (hold on, hold on)
If you feel like letting go, (hold on)
When you think you've had too much of this life, well hang on

'Cause everybody hurts. Take comfort in your friends
Everybody hurts. Don't throw your hand. Oh, no. Don't throw your hand
If you feel like you're alone, no, no, no, you are not alone

If you're on your own in this life, the days and nights are long,
When you think you've had too much of this life to hang on

Well, everybody hurts sometimes,
Everybody cries. And everybody hurts sometimes
And everybody hurts sometimes. So, hold on, hold on
Hold on, hold on, hold on, hold on, hold on, hold on
Everybody hurts. You are not alone


quarta-feira, março 24, 2004

Dez anos de Maria

Prazer.
Você é um idiota.
Te odeio.
Nunca.
Nunca.
Nunca.
Só desta vez.
É a última vez.
Até que você é legal.
Te adoro.
Te amo.
Eu preciso de você.
Te amo.
Te amo.
Te amo.
Te odeio.
Te amo.
Te amo.
Te odeio.
Te amo.
Te odeio.
Te adoro.
Te odeio.
Você é um idiota.
O que eu fiz com a minha vida?
Te odeio.
Te odeio.
Te odeio.
Até nunca mais.

terça-feira, março 23, 2004

Certas vezes, a única maneira de lidar com um problema é ignorá-lo ao máximo.
Muitas coisas são difíceis de se ignorar.
Hoje eu declaro guerra ao amor e à esperança.
Bem-vinda novamente Melancolia, que sua estada seja frutífera e produtiva.
Já estava estranhando esta timidez retraída, que nunca foi pertinente a esta velha companheira.

King of Pain


There’s a little black spot on the sun today
It’s the same old thing as yesterday
There’s a black hat caught in a high tree top
There’s a flag-pole rag and the wind won’t stop

I have stood here before inside the pouring rain
With the world turning circles running ’round my brain
I guess I’m always hoping that you’ll end this reign
But it’s my destiny to be the king of pain
There’s a little black spot on the sun today
That’s my soul up there
It’s the same old thing as yesterday
That’s my soul up there
There’s a black hat caught in a high tree top
That’s my soul up there
There’s a flag-pole rag and the wind won’t stop
That’s my soul up there
I have stood here before inside the pouring rain
With the world turning circles running ’round my brain
I guess I’m always hoping that you’ll end this reign
But it’s my destiny to be the king of pain
There’s a fossil that’s trapped in a high cliff wall
That’s my soul up there
There’s a dead salmon frozen in a waterfall
That’s my soul up there
There’s a blue whale beached by a springtime’s ebb
That’s my soul up there
There’s a butterfly trapped in a spider’s web
That’s my soul up there
I have stood here before inside the pouring rain
With the world turning circles running ’round my brain
I guess I’m always hoping that you’ll end this reign
But it’s my destiny to be the king of pain
There’s a king on a throne with his eyes torn out
There’s a blind man looking for a shadow of doubt
There’s a rich man sleeping on a golden bed
There’s a skeleton choking on a crust of bread
King of pain

There’s a red fox torn by a huntsman’s pack
That’s my soul up there
There’s a black-winged gull with a broken back
That’s my soul up there
There’s a little black spot on the sun today
It’s the same old thing as yesterday

I have stood here before in the pouring rain
With the world turning circles running ’round my brain
I guess I always thought you could end this reign
But it’s my destiny to be the king of pain
King of pain
King of pain
King of pain
I’ll always be king of pain

sábado, março 13, 2004

Viver é uma arte. A mais completa delas.
Tenho temas aos montes para posts mimimi, mas além de não estar em um estado de espírito apropriado, acho que já tive minha cota de comentários me mandando tomar no cu :-P
Mas só pra constar, continuo com problemas pra resolver minha vida. E sempre tem alguém bem intencionado com um conselho pra ajudar. "Larga a medicina, letras é muito mais a sua cara". "Larga a letras, você sempre quis ser psiquiatra". "Faz os dois, você consegue e no fim vai valer a pena". Ou simplesmente "Vai tomar no cu". O foda é que todos eles tem razão. Mas eu não estou com vontade de pensar nisto agora.

My Favorite Things Lyrics

Raindrops on roses and whiskers on kittens
Bright copper kettles and warm woollen mittens
Brown paper packages tied up with string,
These are a few of my favorite things.

Cream colored ponies and crisp apple strudel,
Door bells and sleigh bells and schnitzel with noodles
Wild geese that fly with the moon on their wings,
These are a few of my favorite things.

Girls in white dresses and blue satin sashes,
Snow-flakes that stay on my nose and eye-lashes,
Silver white win-ters that melt into spring,
These are a few of my favorite things,

When the dog bites,
When the bee stings,
When I'm feeling sad,
I simply remember my favorite things,
And then I don't feel, so bad.

(Repeat song)

quarta-feira, março 10, 2004

Melhorou...
Ando muito instável, preciso me distrair e manter a cabeça ocupada. Pelo menos isto não anda difícil de fazer, pena que na maior parte do tempo não é com coisas agradáveis.
Estou apaixonado.
Amores a primeira vista costumam ser os mais cruéis.
Espero que eu sobreviva.
Acho que minha melancolia me consumiu de uma maneira tão podre e doentia que está prestes a explodir em um amontoado irracional de ódio descontrolado.
Eu só queria poder colocar, por um dia que fosse, dentro da minha cabeça pra você ver como ela parece por dentro. Talvez assim você pudesse me explicar.
Talvez assim você olhasse mais pra você mesmo.
Passar seis meses assistindo alguém não se compara a passar um dia sendo alguém.
É fácil, sempre foi e sempre vai ser, desdenhar do que alguém sente. É difícil saber quantas mentiras são necessárias pra construir uma verdade, e como e triste ver uma verdade destruindo por completo um castelo bem forjado de mentiras, deixando-o completamente desabrigado diante de uma realidade, quem me dera, fosse também uma mentira fácil de rasgar.
Suas verdades são fáceis, e pode apostar que eu me dei ao trabalho de conhecê-las, eu as conhecia antes de você.
Espero que um dia, antes de abusar do poder que você tem nas mãos, você se dê ao trabalho de conhecer outras verdades.
Seis meses, um mês. Uma semana, um dia, poucos segundos. É tempo o que você quer? É tempo que eu te tirei?
Você pode dar sua vida em um segundo, mas não poderia nunca tomá-la de volta da mesma maneira que a entregou.
Nem em um mês de desprezo, nem em um ano de torturas.
Eu não quero, de novo, acreditar tanto no egoísmo do amor.
Eu não quero acreditar que todo amor não passa de amor próprio.
Eu não quero deixar de acreditar nas segundas chances.
Eu me lembro das tentativas, dos esforços, da persistência. Eu não quero ser o único a lembrar que, um mês pra lá vale o mesmo que um mês pra cá. E que eu tive minha parcela de tempo, e que eu precisava cobrar um pouco dele.
Eu acho que vou explodir. Eu não aguento mais ser eu mesmo. Ou eu só não aguento mais ter que pensar tanto e tanto e tanto, e ter a horrível e solitária idéia de que sou o único a pensar e a lembrar pra sempre.

sábado, março 06, 2004

Pontos altos do dia (em ordem cronológica):

-Aula de saúde coletiva com um vídeo sobre saúde direcionado à população, apresentado pela Regina Duarte, no qual eu tive o privilégio de aprender QUATRO vezes SEGUIDAS como fazer o soro caseiro, e de quebra ainda aprendi que existem bichinhos pequenininhos que chamam micróbios e que podem dar doenças, como tosse comprida ou cocô mole. Vivendo e aprendendo né?

-Bater o carro numa madame que não saber manobrar seu automóvel sem ocupar toda a rua e verificar se alguém vem vindo.

-Debate sobre diversidade sexual no auditório da história/geografia.

-Festança da letras em meio ao lamaçal formado pela chuva na frente do prédio da filosofia/sociais.

-Tomar uma meia de seda no Rei das Batidas com quatro homossexuais do sexo masculino.

-Terminar a maravilhosa programação da noite à meia noite.

-Não conseguir encontrar nenhuma das pessoas que queria.

-Chegar em casa e ligar o icq.

-Dar pau no icq.

-Abrir o icq2go.

-Dar pau no icq2go.

-Escrever um post cretino no blog e ir dormir em seguida, com a vã esperança de que o resto do fim de semana seja menos imbecil e que me dê forças para mais uma semana de rotina massacrante.

-Chegar à triste conclusão de que a grande esperança da minha vida concentra-se em um curso da FFLCH, com falta de professores e condições precárias. Se isto não der certo, rezar.

sexta-feira, março 05, 2004

Das músicas significativas (e, além disto, pra mim é uma das músicas que melhor retrata Changeling):

The Logical Song
(Supertramp)

When I was young, it seemed that life was so wonderful,
A miracle, oh it was beautiful, magical.
And all the birds in the trees, well they’d be singing so happily,
Joyfully, playfully watching me.
But then they send me away to teach me how to be sensible,
Logical, responsible, practical.
And they showed me a world where I could be so dependable,
Clinical, intellectual, cynical.

There are times when all the world’s asleep,
The questions run too deep
For such a simple man.
Won’t you please, please tell me what we’ve learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am.

Now watch what you say or they’ll be calling you a radical,
Liberal, fanatical, criminal.
Won’t you sign up your name, we’d like to feel you’re
Acceptable, respecable, presentable, a vegtable!

At night, when all the world’s asleep,
The questions run so deep
For such a simple man.
Won’t you please, please tell me what we’ve learned
I know it sounds absurd
But please tell me who I am.

terça-feira, março 02, 2004

Das ironias da vida:
Você pode fazer de tudo por uma pessoa, dedicar-se integralmente a realizar todos seus desejos e necessidades e ver esta pessoa grata e feliz. Provavelmente um dia esta pessoa vai estimá-lo muito menos do que a outro que nem ao menos se importa com a pessoa em questão.
Não acredita? Tenha filhos e espere um pouco, só para dar um exemplo simples.

Dos aniversários significativos:
Lou Reed fez 60 anos hoje.

Das músicas significativas pra mim:

Sail Away Sweet Sister

Hey little babe you're changing
Babe are you feeling sore?
It ain't no use in pretending
You don't wanna play no more

It's plain that you ain't no baby
What would your mother say?
You're all dressed up like a lady
How come you behave this way?

Sail away sweet sister
Sail across the sea
Maybe you'll find somebody
To love you half as much as me
My heart is always with you
No matter what you do
Sail away sweet sister
I'll always be in love with you

Forgive me for what I told you
My heart makes a fool of me
You know that I'll never hold you
I know that you gotta be free

Sail away sweet sister
Sail across the sea
Maybe you'll find somebody
To love you half as much as me
Take it the way you want it
But when they let you down my friend
Sail away sweet sister
Back to my arms again

Hot child don't you know you're young
You got your whole life ahead of you?
And you can throw it away too soon
Way too soon

Sail away sweet sister
Sail across the sea
Maybe you'll find somebody's
Gonna love you half as much as me
My heart is always with you
No matter what you do
Sail away sweet sister
I'll always be in love with you

Dos horários:
Não há tempo pra desenvolver idéias, tenho 30 minutos pra estar na usp.
tchau.