quinta-feira, abril 09, 2020

Um porto que não há

Volto a esse lugar, cemitério dos meus sentimentos, pra chorar sozinho.

Os barcos vem atracar na minha costa, mas não sei erguer um porto. Não sei dar âncoras.
Meu peito dilacerado transborda enquanto vejo o sol se por no horizonte azul.
A noite se espalha, escurece minha vista

Eu já não sei se os barcos continuam aqui, tudo é escuro
tudo que vejo é a noite, e contra o fundo preto da minha consciência
ainda imagino as velas em riste, com as quais desejo ainda navegar o mundo

Rompi com o mundo, queimei meus navios
mas já não tenho onde pousar meus sonhos
me afogo

Sob aquela luz vermelha, contemplo meu crime
alma incendiada sob o calor da minha
queimada, em trapos

tudo que queria era construir um porto
mas como posso se estou à deriva?

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