sexta-feira, abril 17, 2020

Me convulsiono na dor extrema da ternura
sinto a pele queimar, ferida aberta
como a tatuagem que sangra
depois da ferida da agulha

A pele aberta, a ferida incandescente
ao redor um teatro de sombras
feito com a luz das chamas
que ainda queimam minha alma

as partes arrancadas se esparramam
num lodo de sangue e lágrimas
misturam-se à terra
fertilizam dor

Não há o que tomar de mim
pois em mim tudo é podre
e tudo o que me foi dado
apodrece
como num toque de midas
corrompido

Se respiro amor
exalo solidão
se respiro vida
exalo morte



Era você, sem ar, partida
e eu podia sentir meus olhos
se desfazendo em pó
e nós dois, como dois estranhos
nos desfazendo em pó



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