segunda-feira, abril 20, 2020

Essa maldição nas minhas mãos
tudo que toco desvanece
torna-se pó, desfaz-se em areia.

Essa maldição em minha boca
tudo que provo é a ferrugem
essa decadência em meu sangue.

Tocando à distância
na relva densa das memórias
o cheiro, a voz, o toque, o olhar
tudo é farpa, que entra fundo na pele.

Nada me salva da agonia
de ser o algoz de nós
procuro sentido nas feridas
nas frases que formam
na gramática da pele
que arrancada, deixa exposta
a alma em brasa

procuro esperança na escuridão
na sombra lançada por seu coração

mas os dias são um relógio maldito
a girar os ponteiros em falso
porque tempo nenhum apaga essa imagem
tempo nenhum cura o mal que criei
com o amor
o tique das horas é um martelo
que bate, bate, bate, bate sem cessar
nas feridas abertas
sangram
sem parar





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