domingo, outubro 12, 2014

bem-me-quer, mal-me-quer



Sua voz é um murmúrio
perdido em um dia distante
que já não sei se é lembrança
ou imaginação.

Ao longe, procuro
e deixo uma mensagem
perdida
hesitante
assustada

tuas palavras
ora frias e respeitosas
ora quentes e carinhosas
e já não sei se sei algo

expectativas cedem
tornam-se esperanças
às vezes vagas, melancólicas
pequenas ondas que rebentam
contra o cinza desses dias

falo ao horizonte querendo que me escutes
e tento ouvir sua voz me respondendo
no eco desse vento que sopra
silêncio

essa falta do que nunca tive
do que espreito com um sentido oculto
a pulsão de um amor incoerente
a vida que levamos, amarga
sinto o gosto ruim na boca, o despertador que toca
em mais uma manhã de desespero
de procura de sentido numa qualquer coisa
um grito abafado

às vezes tenho ódio dessa espera, de mim
dessas esperanças tolas que nutro
como o filho primogênito, detentor da herança de vida
quero sufocá-lo com essa agonia que me come o peito

mas então, uma palavra qualquer que pego ao acaso
que sonho ser dita para mim
aquieto o peito, alimento os sonhos
e, uma vez mais, durmo tranquilo
embalado na esperança

vivendo um amanhã que sabe-se lá...
que espero

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