quarta-feira, maio 26, 2004

Inúmeras vezes levantei. Senti minhas pernas se esticando, meus músculos contraindo, minhas articulações rangendo e estalando, minha configuração espacial se transformando no meu cérebro, minha freqüência respiratória e cardíaca se alterando. Contei, pra ter certeza. Levantar era um esforço, como levantar o mundo nas costas, mas tudo confirmava: vinte e cinco movimentos respiratórios por minuto, cento e vinte batimentos cardíacos. Tendões esticados, tensos, retesando-se a todo custo. Depois a dor, a fadiga, câimbras, tremedeiras. O suor, escorrendo lentamente, tentando aplacar o calor que toma o corpo, cada vez mais quente pelo esforço. A planta do pé firme, colada ao chão duro. A visão turva, embaçando, o mal-estar, desconforto, enjôo, ânsias. Glicemia baixando, energia se consumindo, dor.

Mas quando abri os olhos, não tinha levantado.

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