sexta-feira, maio 29, 2020

Capitão, meu capitão, como viver assim, se navegar é preciso?

As velas recolhidas, o barco no porto, atracado. O limo se junta no casco. O marinheiro fica no cais, espera, passa dias e noites junto ao navio, noites em claro.

São cinco da manhã e ele está pensando em... barcos.

Seu capitão caiu no convés, morto e frio. As jornadas se acabaram, e o navio no porto, o marinheiro no cais. Sem saber viver em terra firme, ficou ali, esperando o navio que não vai partir.

Velas recolhidas, não adianta o vento soprar. Sem capitão, o navio não pode partir.

O capitão não fala, e a nave não parte. Recolhidas nas velas estão embrulhados os sonhos que não podem ser desfraldados.

Ao longe se perde o horizonte, inexplorado. O horizonte prenhe de futuros não descobertos.

Marejados, agora, só os olhos do marujo. Ele sonha, sem dormir

O barco, barulho do meu dente em tua veia.
Morto por dentro, ele descobre:

Navegar é preciso,
viver não é preciso.

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