A polícia mais assassina do mundo e a política de militarização dos governos do PT e PSDB
A Polícia Militar de São Paulo já ficou internacionalmente famosa por ser a segunda polícia mais assassina do mundo (a primeira é a do Rio de Janeiro!). Contudo, o que ela fazia antes empalideceu diante de sua atuação recente. A mídia, afoita, noticia dia e noite as mortes de policiais, mas omite números como o de que para cada policial morto, 41 civis são assassinados pela policia no Rio de Janeiro, isso no ano de 2007. Hoje, do jeito que a polícia de São Paulo está, esta proporção deve ser ainda maior. Por isso, quando se fala de "guerra civil", está se cometendo um equívoco: trata-se de genocídio sistemático de uma população que tem renda e cor: são os negros e pobres da periferia de São Paulo.
A operação saturação em Paraisópolis, que sitiou a favela com 600 policiais e o abuso sistemático de todos os direitos dos moradores, agora conta com um reforço de peso: a vitória de Haddad em São Paulo trouxe imediatamente a atenção do governo Dilma para fazer de São Paulo o novo foco de sua política de militarização das favelas com as UPPs, botando as forças de segurança nacional para reprimir cotidianamente os moradores. Dilma quer militarizar a Paraisópolis!
Os moradores da São Remo que construíram e mantém a USP são atacados pela reitoria e o governo
Aqui ao lado da USP, na São Remo, onde moram muitos dos trabalhadores da universidade - e particularmente os que ocupam os trabalhos mais precarizados, os terceirizados - a situação é escandalosa. A história da favela da São Remo e do campus Butantã da USP estão umbilicalmente ligadas, pois aquela começou a ser erguida justamente pelos trabalhadores que construíram os prédios da universidade. Situada em um terreno que oficialmente pertence à universidade, não foi sem muita luta, contando inclusive com o importante apoio dos trabalhadores da USP, que os moradores da São Remo conseguiram se manter ali. Foi também graças à sua mobilização, ao lado dos moradores de outras partes do Butantã, Rio Pequeno etc, que se construiu o Hospital Universitário da USP (que, diga-se de passagem, a reitoria tem planos de privatizar através de uma OS, um tipo de privatização que Haddad apoiou enfaticamente em sua campanha). A universidade cresceu, as condições de emprego se precarizaram: implementou-se a terceirização na universidade, com trabalhadores que não tem acesso a direitos trabalhistas elementares. Um deles, o vale transporte.
Muitas empresas contratam apenas pessoas que morem num raio de até dez quilômetros da universidade, pois assim não pagam o vale. Claro, há trabalhadores terceirizados que se deslocam de pontos extremos da cidade para a USP, e que são ainda obrigados a falsificar seu endereço para trabalhar em condições absurdas. Também por isso, são centenas os trabalhadores terceirizados da universidade que vêm das favelas da região: favela do jaguaré, Vila Dalva, São Remo... Muitos destes trabalhadores contavam com o circular como o único auxílio que tinham para se transportar até seus locais de trabalho. Rodas, com uma canetada, cortou os circulares e privatizou o sistema de transporte da USP através da implementação do BUSP (o transporte é feito pela SPTrans através das empresas privadas concessionárias e a "comunidade USP", da qual a reitoria faz questão de excluir os terceirizados, pode andar mediante o uso de um bilhete especial). Assim, da noite para o dia todos os terceirizados perderam o direito de andar de circular e ganharam alguns quilômetros a mais em seus trajetos diários. Isto representou também um outro ataque, pois os motoristas dos circulares foram desviados de sua função, e este cargo está extinto na universidade em nome da privatização. Para calar os estudantes diante disso, a reitoria estendeu o trajeto até o metrô (sendo que a própria reitoria vetou o projeto original do metrô que previa duas estações dentro do campus! Uma na Praça do Relógio e outra no HU).
Os trabalhadores terceirizados e moradores da São Remo já não tem direito a nada na universidade: não podem usar o CEPEUSP, as bibliotecas, nem sequer comer no bandejão. Apesar de terem construído a universidade e fazerem ela funcionar a cada dia, a universidade elitista e racista simplesmente os classifica como "elementos estranhos" (lembremos que um dos fundamentos para a demissão inconstitucional de Brandão, diretor do Sintusp, em 2008, foi ter defendido estes "elementos estranhos" à USP em suas mobilizações contra atraso de salários e direitos, uma das marcas inconfundíveis destas empresas parasitas na universidade). As humilhações e abusos a que estão submetidos estes trabalhadores cotidianamente foram escancaradas na greve da União em 2011.
Contudo, a reitoria não considera o suficiente manter esta semiescravidão para galgar os degraus dos rançosos e meritocráticos rankings internacionais: decidiram que era necessário tirá-los de suas casas, afinal, pega mal para uma universidade de excelência que todos vejam a pobreza e exploração sobre a qual ela se sustenta bem ali, a olhos vistos, colada no muro da universidade. Então veio o projeto de "reurbanização" da São Remo, que pretende desalojar todo mundo e fazer uma coisa, assim, mais USP pra ficar ali, né?
Nem todos sabem, mas a remoção já começou aos poucos! Com duzentas casas removidas, os moradores recebem um "auxílio" de 300 reais (como eu queria ver o Rodas morar com este dinheiro!). A resistência, por outro lado, também já está de pé, com o Sintusp e a Associação de Moradores da São Remo na linha de frente.
São Remo militarizada e a campanha reacionária da imprensa
Esta situação já perdura há semanas, mas agora se agravou muito com a ocupação das polícias civil e militar. Agora, a mídia está em polvorosa com sua campanha reacionária, em que unifica os "maconheiros da USP" com os "traficantes da São Remo" e clama histericamente pela polícia para reprimir ambos. Este artigo de Dennis de Oliveira mostra bem a postura da mídia diante da São Remo. Os estudantes da USP, que no ano passado travaram uma luta exemplar contra a polícia, não podem se calar diante deste absurdo! Ontem, os estudantes da Letras começaram a dar uma resposta. Agora, é fundamental que cada estudante e cada entidade passem a construir a reunião de segunda-feira, às 16h, no Sintusp, em que estará presente a Associação de Moradores da São Remo, para podermos organizar uma resposta unificada e à altura da repressão policial que está ocorrendo! Todo apoio aos moradores da São Remo!