terça-feira, fevereiro 13, 2007

Sobre as espúrias relações humanas

Outro dia eu vi um pai "educando" seu filho. Estavamos em um ônibus e o pai dizia "segura" para ele segurar a barra, "senta" para ele sentar no banco, "levanta" para ele ficar em pé. Assim, como se fosse um cachorrinho mesmo. Todas as pessoas, evidentemente, tomavam tal comportamento como natural. Afinal, os pais são responsáveis por seus filhos. Por suas ações, por sua educação, por suas vestimentas, por sua alimentação, etc. É de conhecimento geral de todos que uma criancinha remelenta carece de diversos atributos que poderiam lhe propiciar a capacidade de suprir suas necessidades básicas. Isso, portanto, dá direito a quem lhe propicia tudo isso e que, diga-se de passagem, é também responsável pelo seu nascimento (conscientemente ou não), de dirigir os rumos de sua educação e dos primeiros anos de sua vida como bem entendender. Não deixa, enfim, de ser um tipo de dono da criança. E assim, quem poderia interferir no que um dono faz com sua posse? Se ele quer mandar sentar, que sente. Se ele quer ensinar as coisas mais escrotas, que ensine. Dentro é claro, dos limites impostos pela força da Lei, regida pela mais estrita força da moral e dos bons costumes.
Penso que há centenas de anos era perfeitamente natural que um bem apessoado indivíduo tratasse da mesma maneira sua servil esposa ou seu obediente escravo. Hoje, há pelo menos que se encobrir este tratamento com um quê de hipocrisia.
Mas o lance é que fiquei com vontade de mandar o cara no ônibus tomar no cu dele, assim como fico com vontade de fazer isso com dezenas de pais por aí. E acho uma merda que um filho da puta possa educar seu filho pra ser um filho da puta sem que eu possa ir lá e falar pro moleque: "Ei, seu pai é um filho da puta e tudo o que ele diz é merda".
Crianças, apesar de pentelhas e remelentas, não são coisas pra que seus pais decidam o que elas devem ou não saber, ou o que eles devem ou não pensar e fazer.

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