domingo, abril 01, 2007

Anda cada vez mais difícil manter a coerência interna.
Há que se conciliar as coisas com as outras coisas. E muitas vezes são muitas coisas. E andam sendo cada vez mais coisas que se acumulam umas sobre as outras. E daí, as coisas que não deveriam ser coisas acabam se coisificando cada vez mais. E, a partir do momento em que são coisas, acumulam-se entre as outras coisas. E, afinal, sendo todas estas coisas apenas coisas (mesmo aquelas que antes não eram coisas), acabamos sendo obrigados a priorizar as coisas que nos devoram primeiro. E aquelas que não eram coisas e tornaram-se coisas acabam sendo cada vez mais coidificadas, e relegadas e esquecidas e perdidas...Porque as outras coisas, aquelas que sempre foram coisas, acabam devorando a gente mais rápido. Daí a gente pega todo nosso tempo, energia e tudo o mais, para lidar com estas coisas devoradoras. Até que um dia, no qual eu ainda não cheguei e não quero chegar nunca, você vai inevitavelmente esquecer e perder todas as coisas que não eram coisas e tornaram-se coisas e acabaram se enfiando por debaixo de todas as coisas que te devorariam se você não desse sua vida por elas.
E é assim que a banalidade consome o mundo.
E é assim que a vida consome os sonhos.
E é assim que as pessoas deixam de ser sujeitos e, por fim, transformam-se em coisas.

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