sábado, julho 26, 2014

Palestina - uma luta pelo direito à vida


Você sabe o que é Nakba? É uma palavra árabe, significa "catástrofe". Essa é a palavra que os palestinos usam para designar a criação do Estado de Israel, em 1948. Esse evento levou à expulsão de centenas de milhares de palestinos de suas casas, logo após um "exemplar" massacre em uma pequena aldeia palestina, Dir Yassin, em que mais de 250 pessoas, incluindo crianças, mulheres, idosos, são impiedosamente assassinados.

Os palestinos, após a resolução da ONU que aprova a criação de Israel, tentam resistir, tomam as ruas, decretam greve geral. O imperialismo inglês, que nesse momento controla o território, ajuda as forças sionistas a esmagar os protestos. Ben Gurion, líder do movimento sionista, arma os sionistas até os dentes para que estes imponham, à força, a expansão do território determinado pela ONU.

O lema do sionismo, "uma terra sem povo para um povo sem terra" foi a mentira através do qual se perpetuou um massacre por mais de seis décadas, fundado em um Estado militarizado até os dentes, no qual o serviço militar obrigatório de 3 anos para os homens e 2 para as mulheres é um pilar social. A chamada "defesa" do Estado de Israel é constituída sobre essa farsa, que hoje mantém milhares de palestinos reféns em Gaza e na Cisjordânia, e quase um milhão de refugiados espalhados pelo mundo, sem direito a retornar ao seu lado. Quando Israel foi aceita pela ONU, em 19, ela se comprometeu a garantir o retorno dos refugiados. Obviamente, uma farsa, que foi aceita e encoberta por essa organização "humanitária" do imperialismo. A ONU permaneceu e permanece decretando suas resoluções vazias, enquanto o massacre contra os palestinos continua. Para quem quiser saber melhor essa história, recomendo assistir esse filme.

No ato em São Paulo, menina leva cartaz: "Chega de matar as crianças de Gaza como eu".


É culpa dos dois lados? Um conflito entre dois povos em guerra? Não se trata de nada disso. Estudar a história da palestina deixa muito claro que se trata do exílio forçado de um povo e de seu massacre, feito com a conivência e o apoio da Inglaterra e, após 1945, dos EUA, mas com a cumplicidade dos demais países e governos capitalistas.

Hoje esse massacre chega a extremos. Não militares, pois é impraticável contabilizar todos os crimes cometidos por Israel contra os palestinos durante essas seis décadas. Mas chega a novos patamares ideológicos, com já muitas gerações tendo crescido sob a tutela da ideologia sionista e a educação militar e fascista que esse Estado dá aos seus cidadãos.

Eu vi essa educação expressa em uma amiga - talvez ex-amiga seja o termo mais correto - israelense, que se chocou ao ver minhas postagens no Facebook em defesa do povo palestino e contra Israel. É o Hammas que mata o povo palestino, me disse ela. O Hammas? Como? É o Hammas que joga mísseis sobre as casas de civis, que mantém os palestinos como reféns sem cidadania espremidos em uma pequena faixa de terra e isolados por um muro cheio de militares armados até os dentes? É o Hammas que expulsou centenas de milhares? É o Hammas que diz, como a extrema-direita israelense faz, que não existem civis palestinos, apenas terroristas e terroristas em potencial?

São "terroristas"? São "violentos"? Israel tem que "se defender"? Há um poema de Brecht chamado "Sobre a violência". Ele é assim:

A corrente impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito do rio que a contem
Ninguem chama de violento.

A tempestade que faz dobrar as betulas
E tida como violenta
E a tempetasde que faz dobrar
Os dorsos dos operarios na rua?



Você já viveu como um prisioneiro? Já teve seus familiares assassinados? Já foi um cidadão sem direitos? Já teve que apresentar seus documentos todos os dias para passar por uma vigilância militar e chegar ao seu trabalho? Teve seus antepassados expulsos de suas casas? Foi tratado como lixo, sido chamado de terrorista por tudo isso que lhe ocorreu? Não, né?

E se vivesse assim, você, toda sua família, todos os seus amigos, há décadas? O que você faria? Você sabe? Eu não sei, mas acho que, ainda que ineficaz, qualquer forma de tentar resistir a isso seria, no mínimo, legítima. Seja sequestrar um avião, tentar construir foguetes em sua casa, cavar túneis, jogar pedras contra tanques ou qualquer ato desesperado. Se isso é ser terrorista, qualquer ser humano está sujeito a ser um terrorista. Ou, como alternativa, a morrer de joelhos...

Por outro lado, como justificar que, quando se bombardeia um povo por uma suposta "legítima defesa", se sente em cadeiras de praia para assistir e aplaudir enquanto crianças são brutalmente assassinadas, escolas e hospitais são destruídos para pegar os "terroristas"? Que tipo de defesa é essa, em que professores universitários dizem que a única forma de conter os terroristas é estuprar suas mães e irmãs? Que tipo de defesa é essa em que cada cidadão é treinado para ser um assassino? Uma defesa que bombardeia crianças que jogam bola na praia, que ataca emissoras de televisão, que impede manifestações contra os ataques em seu território? Como alguém pode acreditar que isso é defesa? Como alguém pode achar que qualquer coisa que se faça contra isso não é em legítima defesa? Como alguém pode defender a existência de um Estado que, desde antes de ser criado, é responsável pela morte, sofrimento, exílio, racismo?

Ato em Londres. Na Grã Bretanha os atos contra os ataques de Israel chegaram a reunir cem mil em um dia.
Não é possível sustentar essa mentira, e por isso o apoio democrático aos palestinos, que lutam por nada mais do que seu direito a existir, a morar em sua terra, a não serem bombardeados, cresce exponencialmente no mundo inteiro. São centenas de milhares em dezenas de atos no mundo inteiro. Intelectuais e artistas como Sinead O'Connor, Massive Attack, Robert De Niro, Stephen Hawkings se somam à campanha. Enquanto isso, o massacre continua. A Nakba continua massacrando todo um povo, sem direito a viver. Não se pode dormir em paz enquanto isso continua.

E você, vai fazer o que?


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