quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Chafurdando a merda (trote na USP)



Eis que a matrícula da FFLCH este ano reservava uma surpresa. Fomos com panfletos sobre a situação na USP, o acesso à universidade, e outras questões que achamos importantes para falar aos calouros. Veja o panfleto aqui:


Mas neste ano o trote ressurgiu das cinzas na FFLCH. Meninas sendo obrigadas a dançar funk em cima de cadeiras, pessoas sendo pintadas e jogadas numa piscina de bolinhas de isopor contra sua vontade, humilhações de diversos tipos. Os veteranos escreviam "UNIP", "Uniban" e coisas assim nas camisetas. O pior, é que os CAs da Sociais e Letras participavam ativamente e organizavam isto.
As pessoas dizem que isso é normal, é uma brincadeira. Que os calouros participam porque querem. Até na Folha de S. Paulo de ontem se dizia o óbvio: um calouro entrevistado falava que era humilhante mesmo, mas que ele suportava pois sabia que no outro ano seria ele a humilhar os outros.
O trote revela pra mim a nu o que em geral a universidade tenta esconder sob seu verniz de hipocrisia. O machismo, elitismo, a meritocracia e o reacionarismo da USP e de seus estudantes. Ainda que estivéssemos relativamente sozinhos em nossa empreitada, os militantes do Movimento A Plenos Pulmões e do Pão e Rosas escreveram este panfleto:

fizemos um cartaz junto a independentes que dizia: "Pixar 'Unip' é comemorar a exclusão e celebrar a meritocracia".
Foi bastante curioso ver militantes do MES/P-SOL sentados na sua mesinha do suposto movimento social de cursinhos populares "Emancipa" enquanto outros da mesma corrente escreviam "Unip" na camiseta dos calouros, cortavam seus cabelos, obrigavam-nos a seguir em fila para o pedágio chamando-os de "bixos".
A prática é o critério da verdade...
Na medicina aumentei muito o desprezo que já tinha em relação à escrota prática do trote. Este ano, confesso que fiquei muito satisfeito em ter, pela primeira vez, camaradas ao meu lado que compartilhavam da minha opinião e consideravam importante fazer alguma coisa para lutar ativamente contra isto. Ano que vem, certamente nossa luta continuará. Enquanto isto, também fico feliz em saber que em outros lugares, como no IFCH da Unicamp e na Unesp, outros camaradas estão em um posição melhor para lutar por isso, conseguindo abolir os trotes e fazer um ato-pedágio para mandar dinheiro às organizações populares e operárias do povo haitiano.

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