quinta-feira, fevereiro 11, 2010

30 anos de atraso para a classe trabalhadora


Ontem o PT fez 30 anos.
No fim de semana passado eu assisti, na casa de uma amiga, o programa eleitoral do PT em 1989. Confesso que fiquei um pouco surpreso. Quer dizer, que a degeneração eleitoralista era um mal de nascença e a transição do PT em mantenedor da ordem burguesa está consolidada há anos todo mundo sabe. Mas ver um pouco daquela retórica Lulista das raízes me surpreendeu um pouco. Não há mais propaganda eleitoral que se assemelhe àquela no Brasil, nem DE LONGE. O programa cuspia na cara do empresariado, da oligarquia política e latifundiária, escancarava podres. O sujeito falava em como era candidato porque a classe trabalhadora decidiu atuar politicamente. Compare-se ao programinha ridículo de "ética na política" do P-SOL, que nem se preocupa em esconder o quão pequeno-burguês é: http://bit.ly/cT0AJA
O lance era outro. Víamos os peões saindo da fábrica e doando, com gosto, uma parte do seu salário para a campanha. Víamos os comícios, verdadeiramente de massas, com Lula vociferando em uma retórica classista. Eu estava lá, quando tinha cinco anos, e fiz boca de urna. Havia atores e artistas se angajando ativamente na campanha. Quem caralhos consegue imaginar uma coisa assim hoje?
Dá pra ver, mesmo naquele programa, que o PT era realmente o produto de um ascenso operário. E dá pra ver, na prática, como sem um programa recolucionário um partido não tem nenhuma esperança de se degenerar. Havia um quadro no programa do PT que relacionava os políticos escrotos uns aos outros, do tipo "este anda com este que anda com este...", ligando Collor, Maluf, Sarney e diversos nomes da ditadura. Hoje, Lula caberia neste mesmo quadro como uma luva.
A direção política do PT representa não apenas um desvio de um poderoso ascenso operário nos anos 70, como constituiu no Brasil o maior aparato anti-revolucionário de sua história, tendo hoje 80% da população refém de sua política assistencialista, os movimentos de massa e as centrais sindicais na mão. Mesmo a esquerda revolucionária, como o próprio PSTU, passou anos e ainda hoje segue esta linha, de ficar refém desta política. É o maior obstáculo que os revolucionários tem hoje no Brasil pela frente, superar o petismo para conseguir forjar uma nova tradição no movimento operário e de massas no país.
A dimensão do que é a traição do PT é melhor expressa pelas palavras de Paulo Skaf, presidente da FIESP, quando completam-se os 30 anos de PT: " 'Tenho certeza de que o medo do PT não existe mais', afirma o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, que apoiou Lula em 2002. De acordo com ele, o relacionamento do empresariado com Lula e também com o PT é 'excelente', 'de carinho'."
Para entender um pouquinho melhor esta história, eu recomendo entusiasticamente a leitura desta publicação da Iskra: http://bit.ly/a8XoB1

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