Fermenta no peito essa dor
que cavei nos dias
curando, como um queijo,
cada farpa de rancor, numa suada gota
caindo no fundo do pote
um pingo de fel, um rastro de lágrima
escorre na pele, na sombra dos dias
não se vê, nem se ouve
a dor surda,
recalque
mágoa
sem
na foto, no som
retorço a escuta
passado fugidio
só meu
na fantasia de fazer um
nutri as escolhas
todas erradas
mal feitas
mudas
não te dirijo a palavra mais
nem escrita, nem gemida
são minhas agora
e as escondo
no fundo
cegas
não são
não se diz
não se representam
em nenhum sonho requentado
nessa pura ilusão crescente que já se vai
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