segunda-feira, abril 11, 2005

A Terri Schiavo, o Papa e um príncipe de Um-Lugar-Qualquer-Que-Eu-Não-Lembro-O-Nome morreram.
Mas eu não estou nem aí. E não estou nem aí pra não estar nem aí. E não estou nem aí se você não está nem aí.
Eu estou sempre preso dentro da minha cabeça, e todos os lugares que eu possa visitar também estão. E na verdade, não importa onde eu estou, o que eu estou fazendo ou o que acontece. Porque a minha cabeça é um lugar pequeno, escuro e repetitivo, e eu não vou sair dela nunca. E eu sei que nunca estive em todos os lugares da minha cabeça, e também que nem todos os lugares estiveram na minha cabeça. Eu gosto de imaginar minha cabeça como um lugar grande, colorido, divertido e cheio de surpresas. Mas na verdade ela já estava pronta muito antes de eu nascer, velha e chata como sempre vai ser. Eu não sei fazer as coisas direito, e acho que já me acostumei com isso. É só mais uma daquelas coisas da minha cabeça. Daí eu tento endireitar todas as coisas erradas que venho fazendo e finalmente acho que elas estão certas. Mas na verdade elas estão erradas de outro jeito. Acertar as coisas é só errar no sentido contrário.
Meios termos fedem. Intensidade enjoa, dá náuseas, acaba e fica com cheiro de perfume vagabundo e ressaca.
A sinceridade é um lugar-comum, e a mentira é uma caverna triste e solitária.
Na minha cabeça, eu já vi o seu rosto mil vezes. Dá trabalho cuidar de uma memória até ela não gastar. O fácil é deixar todas as coisas velhas, ruins, sujas e opacas. A vida é translucida pra uns e transparente pra outros, mas no fim dá na mesma.
Se você não gosta de mim, eu não sei porque chega tão perto. Sempre chegam pertopertopertodemais.
Eu sou só um velho rabugento. Mas uma vez um amigo disse que eu oscilo entre a impulsividade e a depressão de uma maneira meio aleatória, caótica e divertida. É bom conseguir acreditar que se é pelo menos um pouco imprevisível e interessante. Vou tentar guardar isto na cabeça, e com sorte amanhã eu vou ter esquecido tudo de ruim que eu fiz comigo mesmo e com os outros. Com sorte vou ter esquecido que sou igual a todo mundo e vou lembrar que tem muita coisa ainda pra fazer. Com sorte, vou achar que a vida não é um disco riscado em um refrão meloso e idiota.

Nenhum comentário: